Menos de uma semana após a queda do Presidente sírio, Bashar al-Assad, uma família palestiniana que perdeu o contacto com um familiar em 1982 espera ter encontrado o seu rasto depois de sair de uma prisão na Síria.
"Nunca deixámos de o procurar", garante Saber Daraghmeh, a partir da sua casa em Al-Loubban al-Charqiya, uma aldeia a norte de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, para onde o seu irmão Sabri nunca mais regressou desde o seu desaparecimento, quando tinha 24 anos.
"O meu pai e eu fomos ao Líbano e à Síria em 1983 para o procurar, mas não encontrámos qualquer vestígio" dele, diz Daraghmeh.
Na altura, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) disse à família que Sabri Daraghmeh tinha sido morto pelos israelitas após o seu desaparecimento em 1982, ano do cerco israelita a Beirute.
Contudo, depois de os rebeldes que derrubaram o Presidente Bashar al-Assad terem aberto as prisões sírias, os palestinianos de Nablus telefonaram para o conselho municipal de Al-Loubban al-Sharqiya e ouviram dizer que um homem de 70 anos, Sabri Yousef Daraghmeh, originário da localidade, tinha sido libertado na Síria.
Incapaz de contactar Sabri e confirmar as informações relacionadas com a sua libertação, a família Daraghmeh espera que o seu ente querido acabe por contactá-los diretamente.
No entanto, depois de 42 anos nas prisões sírias, os familiares temem que não esteja "no seu estado normal" e que "tenha dificuldade em estabelecer contacto", explica Daraghmeh.
Mais de 40 anos depois de uma cerimónia de luto organizada pela família de Sabri na sua aldeia, primos que vivem na Jordânia, mais livres para atravessar as fronteiras do que os palestinianos, voaram para a Síria à sua procura.
Um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina contou que 114 famílias lhe pediram ajuda para localizar os seus entes queridos desde a abertura das primeiras prisões governamentais na Síria.
Mas as buscas realizadas por funcionários da embaixada palestiniana em Damasco em hospitais e locais públicos estão a ser dificultadas pela ausência de autoridades ou de um registo central de prisioneiros.
O embaixador palestiniano na Síria, Samir al-Rifai, explicou que, na década de 1980, milhares de palestinianos foram detidos na Síria por serem membros da OLP, que o pai e antecessor de Bashar al-Assad procurava controlar.