Quebra de tabu. Direita e extrema-direita na Alemanha unem-se em texto anti-imigração
A poucas semanas das eleições legislativas antecipadas, a Câmara dos Representantes da Alemanha aprovou uma moção, não vinculativa, de endurecimento da política migratória do país.
Decisivo foi o entendimento entre os deputados conservadores da CDU/CSU e os da AfD, Alternativa para a Alemanha, a extrema-direita, que combinaram os seus votos.
Foi a primeira vez, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu uma cooperação legislativa deliberada entre um partido moderado tradicional e a extrema-direita, a nível federal.
A moção exige, nomeadamente, que a Alemanha rejeite na fronteira todos os estrangeiros que não possuam um documento de entrada válido, incluindo os requerentes de asilo.
Não sendo vinculativa, o valor simbólico da moção é contudo inegável e pode indiciar futuras cooperações entre a CDU, democrata-cristã, e a AfD.
Risco para a CDU
O texto é, contudo, um risco para os conservadores e para o seu candidato a primeiro-ministro desde 2022, Friedrich Merz, que procura assumir a liderança no debate sobre a migração e desviar os apoios que a AfD tem estado conseguir no eleitorado com este dossier.
Mesmo sem se saber de forma clara quem apoiou a moção apresentada por Merz, tanto o chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, como os Verdes, declararam a sua oposição ao texto.
O pacto reúne uma dezena de regulamentos para harmonizar e gerir a nível europeu a legislação sobre a imigração clandestina, com calendário de início previsto para junho de 2026.
Atualmente, dos 27 estados-membros, 24 apresentaram o seu plano macional de aplicação do pacto. A realidade poderá contudo correr mais rápido do que previsto por Bruxelas.