A Igreja Universal do Reino de Deus resolveu esta semana definir a sua posição na disputa diplomática entre Brasília e Tel Aviv a propósito da nomeação do novo embaixador israelita para o Brasil. Inicialmente apontado pelo PM Benjamin Netanyahu para o lugar, Dani Dayan não recebeu do Governo brasileiro outra coisa que silêncio, numa manifestação de desagrado pelo seu passado como líder de colonatos nos territórios ocupados aos palestinianos. Um bispo da IURD vem agora dizer que não há razão para a recusa.
Trata-se de Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo, fundador e grande líder da multimilionária Igreja Universal do Reino de Deus. Crivella, ele próprio bispo da IURD, mas também cantor gospel (à boa maneira norte-americana) e escritor, foi ainda eleito senador pelo Partido Republicano Brasileiro no Estado do Rio de Janeiro. Na prática, o Governo brasileiro negou as credencias do embaixador Dani Dayan, o que o impede de assumir o cargo. Uma questão que se arrasta há quatro meses.
Numa crónica publicada esta semana na Folha de São Paulo, Marcelo Crivella lamenta a recusa de Brasília relativamente a Dani Dayan, alertando para os sinais que são enviados ao mundo. Vetar este embaixador pode vir a ser aproveitado como um forte argumento pelos activistas da BDS (campanha de boicote, desinvestimento e sanções).
“Rejeitar um embaixador pode dar a ideia de que o Brasil está a enviar uma mensagem de apoio ao BDS. Deixar Israel sem embaixador não é útil para ninguém”, escreveu o bispo da IURD, acrescentado que “Dani Dayan é um diplomata preparado, escolhido legitimamente por um país amigo”.
E o facto de ser um defensor [da política] de colonatos na Cisjordânia “é um motivo fraco para tamanha descortesia e tanta inabilidade política”, lamentou.
O senador brasileiro atribui a falta de compreensão do Governo brasileiro em relação a certas políticas israelitas à falta de conhecimento da realidade da região do Médio Oriente: “Guerras de sobrevivência ainda estão na ordem do dia e não há acordo sobre as regras do jogo”, explica o bispo Crivella, defendendo a utilização de ataques preventivos [contra os palestinianos e outros vizinhos regionais] como uma questão de sobrevivência para Israel.
“Temos dificuldade para entender isso, pois a geopolítica do Brasil é completamente diferente. Desconhecemos a sensação de conviver permanentemente com ameaças iminentes à nossa existência”.
Crivella, que já foi ministro das Pescas e da Agricultura, faz ainda questão de salientar os laços que unem os dois países, lembrando por exemplo que aquando da criação do Estado de Israel era um diplomata brasileiro - Oswaldo Aranha - que presidia à sessão que teve lugar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. E, nos dias que correm, Israel representa uma peça-chave na indústria de defesa brasileira, incluindo projectos com a aeronáutica Embraer.
Mas há outras razões para que o bispo da IURD saia em defesa de Israel nesta contenda – e essa razão é a relação da própria IURD com o Estado de Israel. Ainda em dezembro passado o primeiro-ministro israelita recebeu em Jerusalém o bispo Edir Macedo.
É a prova de que o chefe do Governo israelita mantém com o líder de uma igreja ainda minoritária uma relação privilegiada que nega a outros líderes religiosos geograficamente mais próximos.
Como sinal de apreço pela visita de Macedo, Netanyahu deixou-lhe a promessa de que em breve se deslocará ao Brasil para visitar o novo “Templo de Salomão”.
Há ano e meio, em julho de 2014, a Igreja Universal inaugurou em São Paulo o seu mais importante templo, uma réplica do Templo de Salomão, primeiro templo assinalado pela Bíblia. O original localizava-se em Jerusalém e terá sido destruído seis séculos antes de Cristo por Nabucodonosor II da Babilónia. Estima-se que tenha custado cerca de 680 milhões de reais, mais de 225 milhões de euros.
Numa crónica publicada esta semana na Folha de São Paulo, Marcelo Crivella lamenta a recusa de Brasília relativamente a Dani Dayan, alertando para os sinais que são enviados ao mundo. Vetar este embaixador pode vir a ser aproveitado como um forte argumento pelos activistas da BDS (campanha de boicote, desinvestimento e sanções).
“Rejeitar um embaixador pode dar a ideia de que o Brasil está a enviar uma mensagem de apoio ao BDS. Deixar Israel sem embaixador não é útil para ninguém”, escreveu o bispo da IURD, acrescentado que “Dani Dayan é um diplomata preparado, escolhido legitimamente por um país amigo”.
E o facto de ser um defensor [da política] de colonatos na Cisjordânia “é um motivo fraco para tamanha descortesia e tanta inabilidade política”, lamentou.
O senador brasileiro atribui a falta de compreensão do Governo brasileiro em relação a certas políticas israelitas à falta de conhecimento da realidade da região do Médio Oriente: “Guerras de sobrevivência ainda estão na ordem do dia e não há acordo sobre as regras do jogo”, explica o bispo Crivella, defendendo a utilização de ataques preventivos [contra os palestinianos e outros vizinhos regionais] como uma questão de sobrevivência para Israel.
“Temos dificuldade para entender isso, pois a geopolítica do Brasil é completamente diferente. Desconhecemos a sensação de conviver permanentemente com ameaças iminentes à nossa existência”.
Crivella, que já foi ministro das Pescas e da Agricultura, faz ainda questão de salientar os laços que unem os dois países, lembrando por exemplo que aquando da criação do Estado de Israel era um diplomata brasileiro - Oswaldo Aranha - que presidia à sessão que teve lugar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. E, nos dias que correm, Israel representa uma peça-chave na indústria de defesa brasileira, incluindo projectos com a aeronáutica Embraer.
Mas há outras razões para que o bispo da IURD saia em defesa de Israel nesta contenda – e essa razão é a relação da própria IURD com o Estado de Israel. Ainda em dezembro passado o primeiro-ministro israelita recebeu em Jerusalém o bispo Edir Macedo.
É a prova de que o chefe do Governo israelita mantém com o líder de uma igreja ainda minoritária uma relação privilegiada que nega a outros líderes religiosos geograficamente mais próximos.
Como sinal de apreço pela visita de Macedo, Netanyahu deixou-lhe a promessa de que em breve se deslocará ao Brasil para visitar o novo “Templo de Salomão”.
Há ano e meio, em julho de 2014, a Igreja Universal inaugurou em São Paulo o seu mais importante templo, uma réplica do Templo de Salomão, primeiro templo assinalado pela Bíblia. O original localizava-se em Jerusalém e terá sido destruído seis séculos antes de Cristo por Nabucodonosor II da Babilónia. Estima-se que tenha custado cerca de 680 milhões de reais, mais de 225 milhões de euros.