Os quadros técnicos do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) exigiram hoje que o partido abandone a aliança no Governo na Guiné-Bissau, e deram um prazo de 72 horas.
"Pedimos ao coordenador nacional para sair desta aliança. Damos um prazo de 72 horas para convocar os órgãos do partidos e tomar uma decisão sobre a manutenção do partido nessa aliança, onde estamos a sufocar, porque ninguém nos valoriza e respeita", afirmou, em conferência de imprensa, Aliu Cassamá, secretário-nacional dos quadros técnicos do Madem-G15.
Aliu Cassamá justificou a exigência, alegando que o Madem-G15 tem estado a perder espaço enquanto partido que "sustenta a Assembleia Nacional Popular, que sustenta a maioria parlamentar".
"Entendemos que estamos a perder aos poucos o espaço que temos na nossa aliança", referindo-se à aliança governamental, que inclui também o Partido de Renovação Social (PRS) e a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), liderado pelo atual primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam.
Aliu Cassamá disse que o Madem-G15 aceitou o número de pastas atribuído na sequência do acordo assinado com os atuais parceiros em "nome da estabilidade nacional e paz social".
"Sempre fomos orientados pelo coordenador nacional [Braima Camará] que, pela paz e estabilidade, o Madem-G15 devia aceitar todo o tipo de sacrifícios", disse.
Mas, salientou, o que temos vindo a assistir "ultimamente é que os representantes do partido no Governo estão a perder espaço e protagonismo, na qualidade de maior partido que sustenta o Governo".
"O Madem-G15 perdeu pastas em nome da estabilidade e da coesão nacional", afirmou, referindo-se à última remodelação governamental.
"As pessoas estão a abusar da passividade e bom senso do coordenador nacional do Madem-G15 pela forma como ele tem sido fiel ao acordo", acrescentou.
O Madem-G15, segundo partido mais votado nas legislativas de 2019, apoiou a candidatura de Umaro Sissoco Embaló às eleições presidenciais, realizadas no mesmo ano.
Após a sua tomada de posse, Umaro Sissoco Embaló demitiu o Governo liderado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e formou um outro, composto por elementos do Madem-G15, PRS e APU-PDGB.
Em abril, o Presidente guineense promulgou uma remodelação governamental, proposta pelo primeiro-ministro, na qual o Madem-G15 perdeu pastas.
O Madem-G15 também tem perdido quadros ao nível das direções de vários departamentos ministeriais, a última das quais na INACEP (Imprensa Nacional) com a exoneração do seu diretor-geral, Bamba Banjai.