O eurodeputado italiano Andrea Cozzolino encontra-se detido em Bruxelas no âmbito do chamado `Qatargate`, sobre alegados subornos pagos pelo Qatar, por Marrocos e outros países para obter influência no Parlamento Europeu, indicou hoje a Procuradoria Federal da Bélgica.
Um juiz irá agora verificar o seu testemunho e decidir na terça-feira se deve manter o mandado de prisão ou colocá-lo em liberdade condicional ou com uma pulseira eletrónica no tornozelo, explicou o porta-voz do procurador federal belga.
Fontes judiciais citadas pela agência de notícias italiana ANSA tinham afirmado na quinta-feira passada que o gabinete do Procurador Federal belga revogara um mandado de captura europeu emitido para Cozzolino.
O escândalo de tráfico de influências `Qatargate`, que abalou o Parlamento Europeu (PE) em dezembro de 2022, surgiu quando investigadores belgas apreenderam durante buscas em Bruxelas, nas casas da então vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili e do eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, cerca de 1,5 milhões de euros em malas e sacos.
A justiça belga suspeita da existência de pagamentos em dinheiro em troca de decisões políticas ou posições favoráveis aos interesses do Qatar e de Marrocos no PE, o que Doha e Rabat negam.
Panzeri admitiu que os investigados orquestraram a fraude, e o seu ex-assessor parlamentar, Francesco Giorgi, é suspeito de ter desempenhado um papel importante nesse processo.
O agora ex-eurodeputado Panzeri - figura do mundo sindical italiano e dirigente de organizações não-governamentais (ONG) em Bruxelas desde 2019 - implicou posteriormente Marc Tarabella, que nega ter cometido qualquer ilegalidade ou irregularidade, tal como Eva Kaili.
O eurodeputado italiano Andrea Cozzolino, o sétimo suspeito neste caso, já tinha contestado a obrigação de comparecer perante a justiça belga antes da sua detenção, quando foi emitido o mandado europeu para a sua captura.
A antiga eurodeputada grega Eva Kaili também esteve detida, foi libertada em meados de abril sob a condição de permanecer em prisão domiciliária com uma pulseira eletrónica que permitisse vigiar a sua localização e, em finais de maio, deixou de estar obrigada ao uso de pulseira eletrónica, podendo sair em liberdade, mas com supervisão enquanto prosseguirem as investigações.
No início de maio, o eurodeputado belga Marc Tarabella e o assistente parlamentar italiano Francesco Giorgi, investigados no mesmo processo, ficaram em liberdade, mas também sob supervisão.