O bloqueio diplomático à pequena nação do Golfo Pérsico por parte dos principais estados vizinhos, incluindo a Arábia Saudita, foi anunciado esta segunda-feira. O isolamento regional a que foi submetido pode trazer consequências estratégicas para os Estados Unidos no Médio Oriente.
O corte de relações diplomáticas e o fim das ligações aéreas, marítimas e terrestres, bem como a interferência no tráfego aéreo internacional, ou as dificuldades no fornecimento de bens alimentares pode revelar-se um enorme problema insustentável para Doha. O comediante libanês Jad Bou Karam escreveu no Twitter que a situação pode revelar-se uma “Qatasfrofe”. Mas o assunto não é para brincadeiras.
Situado entre vários gigantes do Médio Oriente, o pequeno país soube agigantar-se ao longo dos últimos decénios perante os países circundantes. Tem uma das maiores reservas de gás natural do mundo, um dos mais altos rendimentos per capita, é a sede da Al Jazeera, a mais influente cadeia televisiva em língua árabe.
Estendeu recentemente o direito de voto às mulheres e espera-se que a capital, Doha, acolha a final do Campeonato do Mundo de futebol de 2020, uma competição que o Qatar vai acolher e para o qual tem desenvolvido obras faraónicas como forma de projeção de poder.
Mais importante que tudo isto, num momento de isolamento regional, será mesmo a conveniente proximidade do emirado peninsular aos Estados Unidos, que já apelou à união de todos os países do Golfo contra o terrorismo.
Al Udeid, a base norte-americana no Qatar
Localizada a cerca de 30 quilómetros de Doha, a base aérea norte-americana de Al Udeid acolhe atualmente cerca de 11 mil militares norte-americanos e constitui a maior concentração militar dos Estados Unidos no Médio Oriente. Tem uma das mais longas pistas de aterragem e tem a capacidade de acomodar até 120 aeronaves.
Localizada a cerca de 30 quilómetros de Doha, a base aérea norte-americana de Al Udeid acolhe atualmente cerca de 11 mil militares norte-americanos e constitui a maior concentração militar dos Estados Unidos no Médio Oriente. Tem uma das mais longas pistas de aterragem e tem a capacidade de acomodar até 120 aeronaves.
Foi usada recentemente para ataques da coligação internacional contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria, bem como na invasão do Afeganistão após os ataques do 11 de Setembro, acolhendo aviões de reconhecimento e de reabastecimento.
Um estudo apresentado em 2014 ao Congresso norte-americano citado pela CNN concluiu que o Qatar investiu mais de mil milhões de dólares durante os anos 90 para a construção da base aérea, onde atualmente operam a Força Aérea dos Estados Unidos, a Força Aérea Real, do Reino Unido, e ainda a própria Força Aérea do Qatar.
Das forças norte-americanas encontra-se nesta base aérea uma unidade do Comando Central de Forças dos Estados Unidos e do Centro Combinado de Operações Aéreas e Espaciais (CAOC, na sigla em inglês), este último responsável pela atuação dos Estados Unidos no Afeganistão, Síria, Iraque e 18 outras nações. A CNN cita a Força Aérea, que identifica o CAOC como “o núcleo” das campanhas naquela região do globo.
A inclusão deste centro, desde 1997 hospedado numa base aérea saudita, só ficou completa em 2003, após um investimento de 60 milhões de dólares.
É ainda onde se instala a unidade expedicionária 37 da Força Aérea norte-americana, que sendo provisória pode ser ativada e desativada. Entrou em ação, por exemplo durante a primeira Guerra do Golfo nos anos 90, a invasão do Afeganistão em 2001, a guerra no Iraque entre 2003 e 2011 e ainda a operação de 2011 em território líbio.
No site da unidade, pode ler-se que é a “ala maior e mais diversa” da Força Aérea. Segundo a CNN, acolhe atualmente mais de 100 aeronaves.