Pyongyang volta a disparar mísseis em vésperas das manobras militares da Coreia do Sul com EUA
A Coreia do Norte voltou esta quarta-feira a lançar dois mísseis balísticos de curto alcance, menos de uma semana depois do lançamento de outros dois mísseis, como “aviso” ao vizinho do Sul. Estes disparos ocorrem numa altura em que se encontra por definir a agenda diplomática para novos encontros entre os norte-coreanos e representantes de Washington, mas também em vésperas do início das manobras conjuntas entre as forças dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
A quarta-feira arrancou em Seul com a denúncia do Estado-maior de novos disparos de mísseis pela Coreia do Norte, escassos seis dias após o lançamento de outros dois mísseis, a 25 de julho. Tal como há uma semana, os projéteis foram lançados a partir da Península de Hodo, na costa Leste do país, indo cair no Mar do Japão após um voo de 250 km, no que a chefia militar do vizinho do sul vê como uma forma de pressão para condicionar os planos para as manobras militares conjuntas de Seul e Estados Unidos que estão marcadas já para o próximo mês de Agosto.
“As movimentações da Coreia do Norte não ajudam em nada ao aliviar da tensão e também não ajudam a manter o clima propício que havia para as conversações que estão em curso”, lamentou a chefe da diplomacia sul-coreana, Kang Kyung-wha, deixando um apelo aos vizinhos do Norte para que coloquem um ponto final neste tipo de testes.
Uma reacção também já conhecida vem do Japão, com o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, a lamentar este tipo de acções mas sublinhando que de momento Tóquio manterá a sua disponibilidade para a realização de uma cimeira com os norte-coreanos.
Casa Branca em silêncio
Entretanto, a Casa Branca mantém-se em silêncio sobre estes novos lançamentos, enquanto promove contactos formais para novas reuniões com representantes norte-coreanos. Inicialmente estava previsto que o secretário de Estado, Mike Pompeo, se encontrasse esta semana com o ministro dos Negócios Estrangeiros Ri Yong-ho em Bangkok, à margem de uma reunião sobre segurança no Sudoeste Asiático, mas esta agenda abortou depois de o diplomata norte-coreano ter cancelado a sua deslocação à conferência.
As duas partes procuram agora reagendar os contactos ao mais alto nível. Ainda que não esteja previsto qualquer novo encontro entre Kim Jong-un e Donald Trump, há o compromisso deixado durante o breve encontro de 30 de Junho para o reavivar das conversações sobre a desnuclearização da Península Coreana.
O clima de incerteza, que Trump garante não ser já de tensão, tem marcado as conversações entre Washington e Pyongyang relativamente ao programa nuclear norte-coreano. Apesar do histórico encontro de 30 de Junho na DMZ, os norte-coreanos não se coibiram entretanto de acusar os Estados Unidos de faltar à promessa de colocar um ponto final às manobras conjuntas com as forças de Seul, e que se mantêm agendadas para este Agosto, alertando que este pode ser um factor que coloca em causa as conversações sobre o dossier Península Coreana.
Diplomacia procura agenda comum
Nestas circunstâncias, Pyongyang não coloca de parte regressar aos testes nucleares e com mísseis de longo alcance, congelados desde 2017, o que constituiria, de facto, um retrocesso quase total na agenda que vem sendo mantida ao mais alto nível com a parte norte-americana.
O próprio Mike Pompeo manifestou publicamente a vontade de “marcar conversações ao mais alto nível muito em breve”, numa declaração registada nas vésperas de rumar a Bangkok. Quanto a uma cimeira de líderes, o secretário de Estado disse apenas que “nada está planeado”.