Putin felicita vitória de Trump e está disponível para o diálogo

por Lusa

O Presidente russo, Vladimir Putin, felicitou hoje Donald Trump pela sua vitória nas eleições presidenciais realizadas na terça-feira nos Estados Unidos e disse estar pronto para retomar o contacto com o político republicano.

"Aproveito esta oportunidade para o felicitar pela sua eleição para o cargo de Presidente dos Estados Unidos", disse Putin ao discursar no Valdai Debate Club que decorre na estância balnear russa de Sochi.

O Presidente russo manifestou, por outro lado, disponibilidade para retomar o diálogo com Washington, que foi interrompido no seguimento da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

"Se alguém quiser voltar a entrar em contacto, não me importo. Estou pronto", declarou, no rescaldo da vitória eleitoral de Donald Trump contra a sua adversária democrata e atual vice-presidente norte-americana, Kamala Harris.

Trump disse que conseguiria terminar a guerra na Ucrânia em 24 horas sem nunca explicar como o faria e tem questionado a ajuda financeira e militar a Kiev dos Estados Unidos, além de lançar a incerteza sobre o seu compromisso com os aliados ocidentais da NATO.

Sobre as políticas que Trump irá assumir depois de tomar posse como Presidente em 20 de janeiro de 2025, Putin disse que "não faz ideia", embora se tenha mostrado otimista com base nas declarações do republicano durante a campanha eleitoral.

"Para ele será o seu último mandato. O que ele vai fazer é problema seu. Mas o que ele disse publicamente até agora (...), o que foi dito sobre o seu desejo de restabelecer relações com a Rússia, contribuir para acabar com a crise ucraniana merece, no mínimo, atenção", comentou, reforçando que trabalhará com "qualquer chefe de Estado que receba a confiança do povo norte-americano".

O líder do Kremlin deixou ainda palavras elogiosas para Donald Trump, mostrando-se impressionado com "o seu comportamento no momento do atentado contra a sua vida", ocorrido num evento da campanha republicana em julho em Butler, no estado da Pensilvânia.

Para Putin, "não se trata apenas da mão levantada [logo após os disparos que lhe deixaram ferimentos ligeiros numa orelha] e do apelo à luta pelos seus ideais, não se trata apenas disso, embora a força de uma pessoa se manifeste em condições extraordinárias", mas Trump, considerou, "mostrou-se muito correto, com coragem, como um homem".

Anteriormente, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, tinha descrito como um "pouco exagerada" a promessa de Donald Trump do fim da guerra na Ucrânia em 24 horas.

Ao mesmo tempo, Peskov indicou que Moscovo "não esquece" as palavras do futuro Presidente norte-americano de que "planeia propor algo para a solução da crise ucraniana" antes da sua tomada de posse.

"Se a nova administração [norte-americana] conseguir a paz e a não continuação do conflito, será melhor do que a sua antecessora", acrescentou.

Trump e Putin encontraram-se pela última vez numa cimeira dos dois países em Helsínquia em meados de 2018, que ficou marcada pela polémica.

Na altura, o então Presidente norte-americano expressou confiança na palavra do seu homólogo russo negando interferências de Moscovo no processo eleitoral que tinha conduzido Trump à vitória em 2016, o que contrariava as conclusões dos serviços de informações de Washington.

Depois de ter sido derrotado quatro anos mais tarde pelo democrata Joe Biden, o político republicano foi eleito na terça-feira como 47.º Presidente dos Estados Unidos, tendo já conquistado acima dos 270 votos do Colégio Eleitoral necessários.

Com a contagem ainda a decorrer, Trump segue também à frente da adversária democrata no voto popular a nível nacional, com 50,9% contra 47,6% dos votos contados.

O Partido Republicano recuperou ainda o Senado (câmara alta da Congresso) ao ultrapassar a fasquia de 51 eleitos, enquanto na Câmara dos Representantes (câmara baixa) se encontra igualmente na frente no apuramento com 207 mandatos, a apenas 11 da maioria.

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