A guerra na Ucrânia era o assunto esperado para a conversa entre o presidente norte-americano e o presidente russo, com um pormenor de última hora: Donald Trump admitiu pela primeira vez que, ao contrário do que prometeu durante meses, poderá não ser possível convencer Vladimir Putin a colocar de imediato um ponto final no conflito.
Após o fim do contacto, fonte da Casa Branca fez no entanto saber que a conversa correu bem e que terá demorado cerca de duas horas. Vladimir Putin concordou que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia deve terminar com uma "paz duradoura" e que as negociações para alcançar esse objetivo começarão imediatamente, acrescentou a Casa Branca.
"Os dois líderes concordaram que o movimento para a paz começará com um cessar-fogo energético e de infraestruturas, bem como negociações técnicas sobre a implementação de um cessar-fogo marítimo no Mar Negro, cessar-fogo total e paz permanente", acrescenta em comunicado, apontando que "estas negociações começarão imediatamente no Médio Oriente".
Em Washington foi também sublinhado que um futuro com "uma relação bilateral melhorada entre os Estados Unidos e a Rússia terá enormes vantagens" e que esse cenário inclui "enormes acordos económicos".
Trump vinha pressionando Putin a concordar com um cessar-fogo de 30 dias apoiado pelos EUA, que a Ucrânia já aceitou como parte de um movimento em direção a um acordo de paz permanente para acabar com o maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O Kremlin confirmou também assim que um dos pontos de acordo foi a aceitação por parte de Putin de pôr um travão nos ataques a infraestruturas energéticas ucranianas durante 30 dias. Sabe-se também, ainda pelo Kremlin, que serão trocados 175 prisioneiros de guerra de cada um dos lados já esta quarta-feira.
"Vladimir Putin declarou que no dia 19 de março (quarta-feira) as partes russa e ucraniana trocarão prisioneiros - 175 pessoas por 175", anunciou o Kremlin.
Ainda segundo o Kremlin, Putin está pronto para trabalhar com os Estados Unidos nas "vias possíveis de um acordo" na Ucrânia mas que vai estabelecer junto de Trump as condições para essa trégua, incluindo o fim do "rearmamento" da Ucrânia, bem como da ajuda em serviços de inteligência a Kiev. Essas negociações, como anunciado, terão lugar o mais rapidamente possível no Médio Oriente.
Em cima da mesa estava essa proposta de uma trégua de 30 dias e que Kiev já aceitou mas com Moscovo a insistir na manutenção dos territórios ocupados durante a invasão e não aceitação da eventual presença de uma força multinacional de paz na Ucrânia. Opõe-se também à adesão da Ucrânia à NATO.
Durante o contacto telefónico, os correspondentes da RTP em Washington e Moscovo entraram em direto na antena para uma análise deste momento em que se procura selar uma trégua para a guerra na Ucrânia.
Os correspondentes em Washington, Cândida Pinto e Ricardo Guerreiro, assinalavam que os dois líderes deveriam discutir os territórios que Putin está disposto a negociar num momento em que Trump deverá querer apressar um acordo que coloque ponto final no conflito na Ucrânia.
Evgueni Mouravitch, correspondente da RTP em Moscovo, sublinhava que muito dificilmente o presidente russo abrirá mão das suas pretensões para o território ucraniano e que deseja integrar na Rússia.