Os incidentes do final de semana envolvendo caças-bombardeiros israelitas e a defesa anti-aérea síria puseram em campo os interesses russo na região. Perante as ameaças do ministro israelita da Defesa, Avigdor Lieberman, de destruir as anti-aéreas sírias, Moscovo avisou Telavive que os dias de rédea solta em território sírio chegaram ao fim.
Na sequência da resposta síria, o ministro Avigdor Lieberman deixou uma forte ameaça a Assad: “A próxima vez que o sistema de defesa anti-áerea sírio for usado contra os nossos aviões, nós vamos destruí-lo. Não hesitaremos. A segurança de Israel está acima de qualquer coisa. Não haverá qualquer negociação”, declarou o ministro da Defesa israelita à Rádio Pública.
A declaração de Lieberman traduz o statu quo da região de há largos anos para cá, e não apenas desde que a Síria se afundou numa guerra civil sem fim à vista em 2011. Um dos casos mais emblemáticos é o ataque cirúrgico que terá sido lançado pelos israelitas, em 2007, contra um reactor nuclear em Deir ez-Zor.
A situação parece no entanto ter-se alterado, com o Kremlin a convocar este domingo o novo embaixador israelita em Moscovo.
De acordo com o embaixador sírio junto das Nações Unidas, Bashar Jaafari, “Putin acaba de enviar uma mensagem muito clara. A realidade é que o embaixador israelita [Gary Koren] foi convocado para uma conversa apenas um dia depois de apresentar as credenciais [na última quinta-feira] e foi-lhe dito de forma categórica que a brincadeira acabou”.
A embaixada israelita não comenta o encontro, mas o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros confirma que o encontro com Gary Koren teve lugar e serviu “principalmente para discutir os últimos acontecimentos na Síria e os seus desenvolvimentos”.
Jaafari fez questão de sublinhar que os contornos da situação - com a intervenção russa na região - alteram as regras do jogo e Damasco não vai continuar a assistir às ameaças israelitas de braços cruzados.