Putin atribui atentado em Moscovo a "radicais islâmicos"

por Lusa

O Presidente russo, Vladimir Putin, atribuiu hoje o ataque terrorista numa sala de espetáculos em Moscovo a "radicais islâmicos", mas voltou a fazer uma ligação à Ucrânia, alegando que os atacantes procuravam fugir para o país vizinho.

"É importante responder à questão: por que motivo os terroristas, depois do seu crime, tentaram partir para a Ucrânia? Quem os esperava lá?", perguntou o Presidente russo numa reunião do Governo, acrescentando: "Sabemos quem cometeu esta atrocidade contra a Rússia e o seu povo. O que nos interessa é quem ordenou isso".

O atentado, executado na sexta-feira e que deixou pelo menos 137 mortos e 182 feridos, foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico, enquanto as autoridades da Ucrânia, país invadido pela Rússia em fevereiro de 2022, afastaram qualquer envolvimento.

"Aqueles que apoiam o regime de Kiev não querem ser cúmplices do terror e apoiantes do terrorismo, mas colocam-se muitas questões", afirmou o Presidente russo, questionando quem beneficia com este ataque.

"Esta atrocidade pode ser um novo episódio na série de tentativas daqueles que, desde 2014, lutam contra o nosso país através do regime neonazi em Kiev", disse Putin, que comentou ainda que "os nazis, como é sabido, nunca desdenharam de usar os métodos mais sujos e desumanos para atingir os seus objetivos".

As forças de segurança russas detiveram 11 pessoas supostamente ligadas ao ataque na sala de espetáculos Crocus, situada nos arredores de Moscovo.

Falando numa reunião com responsáveis governamentais, Putin disse que aquelas mortes foram cometidas por extremistas, "cuja ideologia o mundo islâmico tem combatido durante séculos".

O líder do Kremlin referiu no fim de semana que quatro agressores foram presos enquanto tentavam fugir para a Ucrânia, mas não mencionou a sua filiação ao Estado Islâmico, tendo novamente omitido o grupo terrorista nos seus comentários de hoje.

Também os Estados Unidos e a França indicaram que o Estado Islâmico estava por detrás do ataque nos arredores de Moscovo.

Na manhã de hoje, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusou-se a atribuir responsabilidades, instando os jornalistas a aguardarem pelos resultados da investigação na Rússia.

Também se recusou a comentar as notícias de que os serviços de informações de Washington alertaram as autoridades de Moscovo, em 07 de março, sobre um possível ataque terrorista, apenas comentando que qualquer informação desse tipo é confidencial.

Quatro homens, identificados na imprensa russa como cidadãos tajiques, foram acusados por um tribunal de Moscovo na noite de domingo de realizar o ataque terrorista.

Perante o tribunal, mostraram sinais de terem sido severamente espancados, e dois terão assumido a sua culpa, embora as suas condições levantassem questões sobre eventual exercício de coação.

O primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin, disse que a investigação ainda está em andamento, mas prometeu que "os autores serão punidos" e "não merecem misericórdia", enquanto o ex-Presidente Dmitri Medvedev, agora vice-chefe do Conselho de Segurança, instou as autoridades a "matar todos os responsáveis", embora incorram num máximo de pena perpétua.

As operações de buscas continuarão pelo menos até a tarde de terça-feira, segundo as autoridades.

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