Fórum em Ashkhabad. Putin reitera que nova ordem mundial é "natural e irreversível"

por Inês Moreira Santos - RTP
Pavel Byrkin - Sputnik via EPA

O presidente da Rússia afirmou, esta sexta-feira, que as relações internacionais entraram num momento de mudanças fundamentais, apontando para a formação de uma nova ordem mundial que, na sua perspetiva, reflita diversidade, onde a riqueza seja redistribuída de forma justa e as opiniões de cada nação levadas em consideração. Para Vladimir Putin, esta é "uma evolução natural e irreversível".

"A Rússia defende o debate internacional mais amplo possível sob os parâmetros de interação no mundo multipolar emergente e está aberta a discutir questões relacionadas com a construção de uma nova ordem mundial", afirmou Vladimir Putin, num fórum internacional em Ashkhabad, capital do Turcomenistão, onde estão líderes de vários países asiático e do Médio Oriente.

No discurso, transmitido em direto pela televisão estatal russa, o número um do Kremlin sublinhou que "o mundo enfrenta ameaças sem precedentes geradas por fraturas de civilizações e conflitos interétnicos e inter-religiosos" e "as relações internacionais entraram numa era de mudanças globais e fundamentais".

Neste contexto, acrescentou Putin, está a ser construída uma "nova ordem mundial, que reflete toda a diversidade do planeta, num processo natural e irreversível".

O fórum internacional "A ligação de tempos e civilizações é a base da paz e do desenvolvimento", realizado em Ashkhabad, é dedicado ao 300.º aniversário do nascimento do poeta e pensador do Turcomenistão Magtymguly Pyragy.
Relações russo-iranianas
À margem do fórum, Putin reuniu-se com o seu homólogo iraniano, Massud Pezeshkian, para discutir o estado das relações bilaterais e a grave situação no Médio Oriente, segundo a Presidência russa. De acordo com a imprensa internacional, o líder russo convidou o presidente do Irão a visitar a Rússia – convite oficialmente aceite por Pezeshkian.

O primeiro-ministro russo terá convidado Pezeshkian para estar presente na cimeira dos BRICS em outubro na Rússia, onde os dois países devem assinar um acordo estratégico. De acordo com o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, a relação Rússia-Irão estão num “nível histórico", de acordo com a TASS.Moscovo e Teerão condenaram tanto os ataques israelitas contra a Faixa de Gaza como os bombardeamentos contra território libanês e sírio, enquanto o Kremlin se absteve de criticar o lançamento de mísseis iranianos contra Israel.


Respondendo a um jornalista da televisão estatal russa, Massoud Pezeshkian apelou esta sexta-feira a Israel para parar os bombardeamentos no Líbano e na Faixa de Gaza, de acordo com uma tradução russa citada pela AFP.

O líder iraniano também denunciou, ainda segundo esta tradução, o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia a Israel.

Recorde-se que o Irão forneceu milhares de drones Shahed para a Rússia e, de acordo com autoridades norte-americanas, construiu uma fábrica de drones em território russo. Teerão também transferiu recentemente mísseis balísticos de curto alcance para Moscovo, o que marcou a posição iraniana relativamente à ofensiva russa na Ucrânia.

Moscovo e Teerão têm uma aliança militar na região para apoiar o regime do presidente sírio Bashar al-Assad e têm em comum estarem cada vez mais isolados devido às sanções internacionais.

c/ agências
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