O ex-presidente do Governo da Catalunha, Carles Puigdemont, em liberdade sob fiança na Alemanha, afirma numa entrevista publicada hoje na revista britânica The Times Magazine que encara a sua situação como “provisória” e prefere não fazer planos de “futuro”.
O ex-presidente catalão foi entrevistado pela jornalista Sally Williams em Berlim, onde está a residir enquanto os juízes alemães estudam a sua entrega a Espanha, que o pretende julgar pelo crime de rebelião e desvio de fundos públicos.
"Quatro acompanhantes silenciosos – dois guarda-costas policiais e dois seguidores [de Puigdemont], todos eles da Catalunha - conduziram-me até uma sala” num "cómodo" e "anónimo apartamento de Berlim", descreve Williams na sua narração do encontro.
Na entrevista, Puigdemont disse que pode movimentar-se dentro da Alemanha desde que avise com antecedência as autoridades judiciais e que, às terças-feiras, deve apresentar-se numa esquadra de Berlim.
"Não sou um fugitivo. Não estou a viver uma vida clandestina. Sou um presidente. Tenho que me reunir com pessoas, atuar, não viver na obscuridade”, afirma.
Dizendo que não quer “fazer nenhuma concessão à tristeza”, Puigdemont sustenta que está “a encarar esta situação como provisória”.
"Não poder beijar as minhas filhas à noite, contar-lhes uma história… É impossível acostumar-me a esta situação. Estão assustadas. Posso vê-lo nos seus olhos”, acrescenta o ex-presidente à revista britânica.
Segundo o artigo, a rotina de Carles Puigdemont consiste em sair “para tomar um café ou fazer uma refeição” durante o dia, embora a maior parte do tempo “seja passada no apartamento, a trabalhar”.
Para Puigdemont, o referendo sobre a independência da Escócia, em setembro de 2014, "demonstrou que é possível na Europa o direito à autodeterminação”, sendo o seu objetivo “fazer o que fizeram os britânicos e os escoceses”.