Berlim, 07 abr (Lusa) - O ex-presidente catalão Carles Puigdemont descartou hoje uma eventual renúncia ao seu mandato como deputado no parlamento da Catalunha e vincou a necessidade de mediação internacional para resolver o conflito em Espanha.
Após ter saído, na sexta-feira, sob fiança, da prisão de Neumünster (norte da Alemanha), Carles Puigdemont deu hoje uma conferência de imprensa na capital alemã, Berlim, onde vai fixar por agora a sua residência.
Na ocasião, sublinhou que “não precisa” de renunciar ao seu mandato como deputado porque tem os “seus direitos intactos”.
Ressalvando que não pretende interferir na política alemã, vincou que o conflito na Catalunha necessita de mediação internacional, com ajuda “de outro país, diferente de Espanha, ou de uma organização internacional”.
Questionado pelos jornalistas se a independência é a única solução para o conflito, Carles Puigdemont disse que, após o “fracasso ressonante” de outras fórmulas apresentadas pelo Governo espanhol, está disposto a escutar outras propostas.
“A Espanha tem um projeto para a Catalunha? Gostaríamos de o ver e de o discutir, estamos disponíveis para ouvir”, assegurou o responsável.
Por isso, reiterou o pedido de uma “mudança de estratégia” por parte de Madrid.
Na sexta-feira, o líder independentista catalão saiu da prisão pouco antes das 14:00 (13:00 em Lisboa), depois de mais de dez dias confinado na sequência de uma detenção pela polícia alemã em cumprimento de uma ordem europeia de detenção emitida pela justiça espanhola.
Na conferência de imprensa, Carles Puigdemont notou que “continua exilado”, mas acrescentou que, caso as autoridades judiciais o permitam, pretende regressar a Bruxelas, onde tem estado fugido à justiça espanhola.
Caso não seja possível voltar à capital belga, “a minha intenção, obrigação e vontade é ficar na Alemanha”, acrescentou.
Ainda assim, realçou aos jornalistas, na conferência que decorreu no bairro multicultural de Kreuzberg, que está “permanentemente disponível” para colaborar com as autoridades no processo.
No que respeita à presidência da Generalitat, Carles Puigdemont exigiu que o Estado espanhol parasse de “interferir” na sucessão e reafirmou a escolha de Jordi Sànchez, ‘número dois’ do seu partido, Juntos pela Catalunha.
O anterior líder assinalou ainda que retirou, “temporariamente”, a sua candidatura à presidência para facilitar a formação de governo.
A justiça espanhola acusou Puigdemont de crimes de rebelião, sedição e peculato por este ter declarado unilateralmente a independência da Catalunha e organizado um referendo ilegal, a 01 de outubro de 2017, com o mesmo objetivo.