A delegação do PSD no Parlamento Europeu (PE) questionou hoje várias instituições da União Europeia (UE) sobre o impacto do alegado envio para Moscovo pela autarquia lisboeta de informações sobre cidadãos que protestaram junto da embaixada russa.
As publicações Expresso e o Observador divulgaram, na quarta-feira, que a Câmara de Lisboa fez chegar às autoridades russas os nomes, moradas e contactos de três manifestantes russos que, em janeiro, participaram num protesto, em frente à embaixada russa em Lisboa, pela libertação de Alexey Navalny, opositor daquele Governo.
Segundo um comunicado, os seis eurodeputados do PSD perguntam a Charles Michel e a Borrel: a denúncia não "põe em causa a segurança destes cidadãos e das respetivas famílias, tendo em especial consideração que falamos de um regime que persegue e aniquila os seus opositores, inclusive quando se encontram em território europeu?".
A delegação social-democrata quer também saber se a UE considera que a "entrega de dados pessoais destes cidadãos às autoridades russas poderá ferir a credibilidade portuguesa e europeia no que importa à defesa e promoção internacionais do direito fundamental à manifestação e à liberdade de expressão".
A carta hoje enviada ao Conselho Europeu e ao Serviço de Ação externa questiona ainda os responsáveis europeus sobre se a atuação da autarquia é "consentânea com os valores europeus e práticas diplomáticas em relação à Rússia".
"A atuação da autarquia dirigida por Fernando Medina é inaceitável e contraria os valores essenciais que a União Europeia, o PSD e o PPE defendem. Os deputados do PSD no Parlamento Europeu estão ao lado de Carlos Moedas (candidato do partido à Câmara Municipal de Lisboa) na defesa destes princípios e destes valores fundamentais. Vamos por isso apresentar nas instituições europeias este caso inédito que contraria gravemente as ações diplomáticas que temos vindo a desenvolver contra a ditadura russa", afirmou o chefe da delegação europeia do PSD, Paulo Rangel, em comunicado.
Carlos Moedas, disse hoje o presidente Fernando Medina terá de se demitir, caso se confirme que a autarquia enviou para a Rússia dados de três pessoas que participaram numa manifestação anti-Kremlin.
"A confirmar-se, Fernando Medina só terá uma saída: a demissão", afirmou Carlos Moedas, numa publicação na rede social Twitter.
A Câmara Municipal de Lisboa anunciou hoje que alterou os procedimentos internos para manifestações por forma a salvaguardar dados pessoais de manifestantes, após uma queixa de ativistas russos que viram os seus dados partilhados com a Embaixada da Rússia.