Protestos em todo o mundo contra a morte da iraniana Mahsa Amini
Segundo a Iran Human Rights, já morreram pelo menos 83 pessoas nos protestos no Irão contra a morte da jovem Mahsa Amini, que começaram há duas semanas. Mas os movimentos e manifestações em solidariedade pelas mulheres iranianas espalharam-se pelo mundo. No sábado, foram várias as cidades, em diversos países, que foram palco de protestos de apoio à revolta dos cidadãos iranianos, nos últimos dias.
Entre os manifestantes presentes no Rossio estiveram muitos cidadãos iranianos que vivem em Portugal, nomeadamente mulheres, que falaram pelo povo que enfrenta cada vez mais limitações, depois de Teerão ter imposto restrições no acesso à internet como meio para conter a revolta social. Mas não foram apenas as mulheres iranianas a erguerem a voz. Vários homens iranianos fizeram-se ouvir no protesto para reivindicar direitos iguais para as mulheres, mas também para defender o direito à mudança no seu país.
Numa marcha de cerca de um quilómetro até ao Washington Square Park, o ambiente era de indignação e os pedidos eram por justiça e liberdade para a população iraniana, especialmente para as mulheres, que estão sujeitas a duras regras, como a cobrir totalmente o cabelo em público.
Juntamente com bandeiras do Irão, a multidão de manifestantes levantou cartazes com mensagens como "Não ao Hijab [véu islâmico] obrigatório","Recordar Masha Amini”, “O poder das pessoas é maior do que as pessoas no poder”, “O meu corpo, as minhas escolhas” ou “Isto é uma revolução”.
Em todo o mundo, os manifestantes expressaram solidariedade com os movimentos e ativista alvo de violenta repressão por parte das autoridades iranianas, que mataram pelo menos 83 pessoas, desde que Amini foi morta.
"Estudantes manifestaram-se nas universidades para denunciar as ações da polícia contra os ativistas", informou a agência de notícias iraniana Fars, que relatou ainda comícios "organizados na Praça da Revolução, perto da Universidade de Teerão, no centro da capital, onde eclodiram confrontos entre a polícia e manifestantes, alguns dos quais foram presos".
Ao longo do dia de sábado, circularam nas redes sociais vídeos que mostravam manifestações e comícios em diversas universidades, onde jovens cantavam e entoavam ‘slogans’ a favor dos movimentos de protesto e contra a passividade das instituições do seu país.
"A cidade está afogada em sangue, mas os nossos professores permanecem em silêncio!", gritavam manifestantes do lado de fora da Universidade Karaj, a oeste de Teerão, segundo um dos vídeos.
Já na noite de sexta-feira, os iranianos manifestaram-se em Saqez, uma cidade no Curdistão, de onde era originária Mahsa Amini.
Os vídeos que mostraram carros de bombeiros, estações de autocarros e bancos queimados. O Governo afirma que os distúrbios, incluindo tiros disparados pela multidão, são da responsabilidade de grupos terroristas. Os manifestantes, por seu lado, acusam a polícia de disparar na multidão.
No Irão, recorde-se, é obrigatório as mulheres cobrirem o cabelo em público. A polícia fiscaliza ainda as mulheres que usam casacos curtos, acima do joelho, calças justas e 'jeans' com buracos (ou rotos), além de roupas coloridas, entre outras regras.