Protesto estudantil em Lisboa prossegue com o dobro das tendas

por Lusa

O protesto de estudantes iniciado na terça-feira na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, contra a guerra em Gaza e os combustíveis fósseis, prosseguiu hoje, com quase o dobro das tendas, disse à Lusa a porta-voz da ocupação.

"Continuamos aqui", afirmou Catarina Bio, que indicou que o protesto quase duplicou -- se na terça-feira, estavam no átrio da faculdade oito tendas, hoje são 15 e já se alargaram para um pátio interior do edifício.

Movimentos de estudantes universitários e do ensino secundário portugueses, incluindo a Greve Climática Estudantil e os Estudantes pela Justiça na Palestina, convocaram a ocupação, associando-se a um protesto estudantil que se iniciou nos campus norte-americanos e já se estendeu a universidades de várias cidades europeias, do Canadá, México e até Austrália, a exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

Os ativistas portugueses reclamam "um cessar-fogo imediato e incondicional em Gaza e o fim ao fóssil até 2030".

A representante do protesto indicou que a direção da faculdade fez na terça-feira um breve contacto com os ativistas, a quem transmitiu que não chamaria a polícia se eles decidissem pernoitar.

Os ativistas, indicou, organizaram-se em turnos para o que chamam de "trabalho reprodutivo", dividindo-se em equipas de cuidado, comida ou limpeza.

Segundo as direções do Instituto de Educação e da Faculdade de Psicologia, que funcionam no mesmo edifício, as atividades académicas decorreram na terça-feira com normalidade, apesar do protesto estudantil.

Com esta ocupação, convocada por vários coletivos, os manifestantes juntam-se assim ao movimento estudantil internacional, iniciado em universidades norte-americanas e que se tem repercutido por todo o mundo, incluindo vários países europeus, na América Latina e na Austrália.

Catarina Bio, de 21 anos, porta-voz da ocupação, explicou à Lusa que os manifestantes promoveram uma "programação política para explicar como o problema do colonialismo fóssil e o problema do genocídio que está a acontecer em Gaza são exatamente o mesmo: este sistema que coloca o lucro acima da vida das pessoas".

Os estudantes, explicou, estão determinados a permanecer acampados e organizaram-se em grupos de trabalho.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou quase 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

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