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Projeto luso-timorense procura novo "híbrido" para salvar o café mundial

por Lusa
Timor-Leste procura aperfeiçoar a produção de café Roosevelt Cassio - Reuters

Investigadores e técnicos portugueses e timorenses estão a trabalhar para identificar variedades de plantas de café que possam, como ocorreu no início do século XX, aumentar a produção e combater o maior problema do setor: a ferrugem alaranjada.

O objetivo é identificar plantas promissoras de plantações existentes que, estando ao lado de outras com sintomas graves da doença e que produzem pouco, se mostram saudáveis e produtivas”, explicou à Lusa Hugo Trindade, coordenador da Quinta Portugal, projeto financiado pela cooperação portuguesa e que lidera o projeto.

As plantas mais promissoras serão marcadas, isoladas e depois verificadas, procurando identificar se se mantém produtivas e saudáveis.

Caso isso ocorra, estima Trindade, não só a produção timorense pode aumentar significativamente, duplicando em cinco anos, como pode encontrar-se uma nova solução para um problema global.

Os trabalhos vão ser desenvolvidos no âmbito de um novo protocolo de cooperação técnico-científica no setor agrícola, assinado esta semana pelo embaixador de Portugal, José Pedro Machado Vieira, e pelo ministro da Agricultura e Pescas timorense, Pedro dos Reis.

O protocolo envolve a Quinta Portugal, que nasceu em 2000 e é o maior projeto de cooperação bilateral portuguesa no setor da agricultura em Timor-Leste, sendo atualmente financiado pelo Camões, IP e implementado em parceria com o MAP, e ainda o Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC) do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.

Na prática, pretende “reatar e aprofundar o trabalho, iniciado entre 2009 e 2012, de caracterização e estudo das raças de ferrugem do cafeeiro existentes em Timor-Leste e a identificação de plantas promissoras para a criação de novas variedades de cafeeiro Arábica resistentes à doença”.

Responder ao problema atual

A história remonta ao início do século XX e a investigações levadas a cabo pelo Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC), na altura integrado na entretanto extinta Junta de Investigações Científicas do Ultramar e posteriormente no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.

Essas primeiras investigações procuraram responder ao maior problema que afeta a produção mundial de café, a ferrugem alaranjada, a doença mais importante do cafeeiro Arábica, que pode causar perdas de produção superiores a 30%.

Causada pelo fungo "Hemileia vastatrix", a doença infeta as folhas do cafeeiro, formando pústulas de soros uredospóricos de cor alaranjada, o que pode provocar a queda prematura das folhas e enfraquecer a planta.

Especialistas notam que as raças fisiológicas da doença identificadas em Timor-Leste estão caracterizadas pelo CIFC como “das mais virulentas de todo o mundo”.

O objetivo é ajudar a encontrar uma variedade que tenha o híbrido como progenitor, o que dá o gene da resistência, mas depois adotar melhorias na produção, na gestão das próprias plantações.

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