O Reino Unido é o anfitrião da 26ª Conferência das Partes (COP) das Nações Unidas, que vai procurar pôr em prática os compromissos do Acordo de Paris. Mas a recente proposta de construir uma nova mina de carvão em West Cumbria, no noroeste de Inglaterra, está a tornar-se controversa e, segundo os ambientalistas, o projeto pode transmitir a mensagem errada na COP26, em Glasgow.
Apesar disso, os ambientalistas consideram que este projeto vai prejudicar os esforços para descarbonizar a indústria do aço no país.
"Com o mundo a avançar em direção a uma crise climática catastrófica, devemos carregar no travão, não no acelerador com mais combustíveis fósseis", disse à AFP Tony Bosworth, ativista climático da Friends of the Earth. "Regiões como Cumbria devem estar na vanguarda dos planos do Governo para transformar a nossa economia, criar novos empregos e construir um futuro mais limpo, o que precisamos com urgência".
Numa sessão de perguntas e respostas para crianças esta segunda-feira de manhã, Boris Johnson foi questionado sobre se ia "apoiar novas minas de carvão no Reino Unido".
"Não queremos apoiar novas minas de carvão, o que queremos fazer é continuar o nosso progresso em direção a um futuro de carbono zero", respondeu o primeiro-ministro britânico.
Horas depois o porta-voz de Johnson explicou que o chefe do executivo britânico "referia-se a termos mais amplos sobre o nosso objetivo declarado de eliminar o uso de carvão a longo prazo".
A big hint on the coal mine proposed for West Cumbria?
— Tom Sheldrick (@TomSheldrickITV) October 25, 2021
At a 'kids climate change press conference' this morning, @BorisJohnson is asked: "whether you're still going to support new coal mines being created in the UK"
The PM replies: "we don't want to support new coal mines" pic.twitter.com/j2Ta3l9cAy
Se por um lado os habitantes da região de West Cumbria aplaudem a proposta de construção da mina, e a consequente criação de emprego na região, os ambientalistas deixam fortes críticas.
"O Reino Unido apresenta-se como líder, mas está a projetar construir uma mina de carvão, que é das coisas mais poluentes que existem", disse Rebecca Willis, professora de Gestão energética e climática da Universidade de Lancaster. "Isso transmite uma imagem para o resto do mundo de que o Reino Unido não é de confiança".
Alexander Greaves, advogado da empresa que projetou a mina de carvão, afirmou à agência de notícias que embora a construção de uma nova mina possa parecer um passo atrás nos progressos contra o aquecimento global, este pretende ser um projeto diferente.
"Mostrar que essas minas podem ser feitas legalmente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e necessárias para compensar qualquer impacto residual é uma verdadeira liderança ambiental", disse.
Mas os ambientalistas não concordam: "É óbvio que a maneira mais rápida de acabar com as emissões de carbono é atuar com mudanças radicais - o que temos de fazer nos próximos dez anos - e é parar de abrir novas minas de carvão", disse Maggie Mason, opositora local da mina. "O mesmo se aplica aos poços de petróleo e de gás".
Em West Cumbria, as autoridades locais aprovaram a mina há um ano. O prefeito conservador da região, Mike Starkie, considera que se trata de um projeto "transformador".
Em março deste ano, o Governo britânico abriu um inquérito sobre o planeamento desta mina, sob pressão da oposição. As conclusões ainda não foram diculgadas e prevê-se que o executivo tome a decisão quanto à construção da mina no noroeste de Inglaterra só após a COP26.