Algumas centenas de profissionais de saúde moçambicanos, liderados por médicos, estão hoje a marchar em Maputo contra a violência dos últimos dias, avançando que pelo menos 108 pessoas foram baleadas e 16 morreram.
A iniciativa previa apenas uma concentração em frente à sede da associação médica, mas a pressão dos médicos resultou numa marcha que seguiu pela avenida Eduardo Mondlane, após passar pelo banco de socorros do Hospital Central de Maputo.
A marcha é pacífica e apartidária, afirmam os médicos. "Não matem o nosso povo", pedem os manifestantes.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique atribuiu a 24 de outubro a vitória nas presidenciais de 09 de outubro a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), com 70,67% dos votos.
Segundo a CNE, Venâncio Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Nas eleições gerais, a Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país.
Em termos cronológicos, na sequência do anúncio dos resultados pela CNE, o Conselho Constitucional deu em 30 de outubro oito dias àquela comissão para lhe enviar as atas e editais da votação em Maputo e em seis províncias, para validação dos resultados eleitorais de 09 de outubro, alvo de contestação pela oposição.
Além de Mondlane, também o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, e um dos quatro candidatos presidenciais, disse não reconhecer os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.
Também o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram "forjados na secretaria", e prometeu uma "ação política e jurídica" para repor a "vontade popular".
Venâncio Mondlane tem convocado paralisações e protestos pelo período de uma semana que culminam com uma manifestação nacional em 07 de novembro em Maputo.