Professora e candidata a vereadora acusa ministro brasileiro de assédio sexual

por Lusa

Uma professora e candidata a vereadora nas municipais brasileiras acusou esta sexta-feira o ministro dos Direitos Humanos de assédio sexual, sendo a primeira mulher a sair do anonimato após denúncias da organização não-governamental (ONG) Me too.

Isabel Rodrigues, candidata a vereadora de Santo André, um município em São Paulo, pelo Partido Socialista, partilhou um vídeo nas suas redes sociais dizendo que, há cinco anos, durante um almoço com alunos de um curso de Direito do agora ministro Sílvio Almeida, este estava sentado ao seu lado e, em determinado momento, passou a mão por baixo da sua saia.

"Ele levantou a saia e colocou a mão nas minhas partes íntimas, com vontade. Eu fiquei estarrecida, fiquei com vergonha das pessoas, porque é assim que as vítimas se sentem", detalhou Isabel Rodrigues.

A candidata a vereadora disse ainda que após o almoço ligou ao agora ministro dos Direitos Humanos, tendo dito: "Você cometeu uma violência sexual comigo, você é advogado e sabe que isso é violência".

As acusações contra Sílvio Almeida, o único ministro negro do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva e que se diz vítima de uma "campanha" racista, foram veiculadas pelo site Metrópoles e ratificadas pela organização Me Too, segundo a qual várias mulheres, cujas identidades são mantidas em sigilo, o denunciaram.

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sinalizou hoje que poderá afastar do cargo o ministro dos Direitos Humanos.

"Meu Governo tem uma prioridade em fazer com que as mulheres se transformem definitivamente numa parte importante da política nacional. Então, eu não posso permitir que tenha assédio", afirmou Lula da Silva numa entrevista à rádio de Goiânia. 

"Nós vamos ter que apurar corretamente, mas eu acho que não é possível a continuidade no Governo, porque o Governo não vai fazer jus ao seu discurso, à defesa das mulheres, a defesa, inclusive, dos direitos humanos, com alguém que esteja sendo acusado de assédio", acrescentou. 

O Presidente brasileiro afirmou que foi informado das denúncias de assédio contra Almeida na quinta-feira e que dará ao ministro acusado o direito à defesa e a presunção de inocência, mas acrescentou que o caso já é investigado pela Política Federal, o Ministério Público e a Comissão de Ética da Presidência da República.

Questionado novamente se pretendia afastar Almeida do cargo durante as investigações das denúncias de assédio, Lula da Silva disse que decidirá sobre o assunto quando regressar hoje a Brasília.

"É isso que eu vou decidir hoje à tarde. Primeiro, eu vou conversar com três ministros, vou conversar com mais duas mulheres que estão no Governo, que são ministras, e depois eu vou conversar tanto com o Sílvio [Almeida] quanto com a Anielle Franco [ministra da Igualdade Racial, apontada como uma das possíveis vítimas de assédio], e vou tomar a decisão", declarou Lula da Silva.

O Governo do Brasil reconheceu na noite de quinta-feira, em comunicado, a "gravidade das acusações" contra Almeida e afirmou que "o caso está a ser tratado com o rigor e a celeridade exigidos em situações de possível violência contra a mulher".

Na nota acrescentava-se que o ministro foi convocado ainda na quinta-feira pelo Controlador-Geral da União, Vinícius Carvalho, e pelo Advogado-Geral da União, Jorge Messias, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias publicadas pela imprensa.

O titular da pasta dos Direitos Humanos sublinhou que todas as denúncias "devem ser investigadas com todo o rigor da lei, mas para isso é preciso que os factos sejam expostos para que possam ser investigados e processados, e não apenas baseados em mentiras, sem provas".

Desde que estas denúncias foram divulgadas, o ministro brasileiro pediu formalmente à Procuradoria-Geral da República, à Controladoria Geral da União e à Comissão de Ética Pública para investigarem o caso.

 

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