Imagens de satélite revelam o crescimento de cinco complexos onde os russos fabricaram motores de mísseis de combustível sólido. O combustível sólido pode tornar mísseis nucleares muito mais difíceis de detetar.
A conclusão é do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), um grupo de reflexão sobre segurança global com sede em Berlim. Fabian Hinz, um investigador do ISS, identificou a expansão das infraestruturas em Altai, no sul da Sibéria, em Rostov (a mais de mil kms de Moscovo), ainda nos arredores de Moscovo e de São Petersburgo e em Perm (a quase 1500 kms da capital russa).
Isto significa, sublinha Fabian Hinz, que o Kremlin está a apostar no aumento significativo da produção de mísseis à medida que prossegue a guerra na Ucrânia.
As imagens de satélite foram tiradas em julho, setembro e outubro, e verificadas pela Reuters.
De acordo com a agência de notícias pode ver-se vegetação derrubada e construções novas, extensas, junto dos edifícios já existentes. Edifícios identificados como instalações de pesquisa e produção de combustíveis sólidos nos cinco locais.
No relatório divulgado pelo IISS, Fabian Hinz afirma que "as imagens de satélite mostram que a capacidade de produção de motores de mísseis de combustível sólido” é um dos focos de Putin.
O Ministério russo da Defesa não comenta, sendo certo que o Kremlin decidiu reforçar a despesa nesta área em 2025. Um aumento para 6,3 por cento do PIB da Rússia, o valor mais elevado desde a Guerra Fria.
Contactado pela Reuters, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América recusou-se a confirmar se Washington tem conhecimento das novas construções russas. No entanto, garantiu que os EUA aplicariam sanções adicionais a entidades russas e instituições financeiras para restringir a sua capacidade de produzir material de defesa.O que são mísseis de combustível sólido?
A NASA já desenvolve esta tecnologia há 20 anos e sempre garantiu que a sua utilização é exclusivamente científica. No entanto, em abril de 2023, a Coreia do Norte anunciou ter testado um novo míssil balístico intercontinental de combustível sólido.
O anúncio deixou em alerta a comunidade internacional e científica, uma vez que foi a primeira utilização conhecida de combustível sólido num projétil de longo alcance.
Vann Van Diepen, antigo especialista de armamento do governo dos EUA, explicou à Reuters que os combustíveis sólidos são mais fáceis, mais seguros de usar.
Sendo certo que não exigem muito apoio logístico, tornando assim muito mais difícil de detetar os mísseis.
O perito em armamento nuclear Ankit Panda, investigador do think tank Fundo Carnegie para a Paz Internacional, garantiu que os mísseis de combustível sólido não têm que ser abastecidos imediatamente antes do lançamento. O que significa que "estas capacidades são muito mais reativas em tempo de crise".