Em protesto contra a detenção sexta-feira dos seus co-presidentes e de vários deputados, o partido pró-curdo Partido Democrático dos Povos (HDP), anunciou este domingo que iria retirar-se de todas as atividades do Parlamento, onde é a terceira força política com 59 deputados.
Os deputados não detidos irão dedicar-se a encontros com os seus apoiantes, indo "de casa em casa, de aldeia em aldeia, de distrito em distrito", para depois formular as suas propostas sobre a forma como o partido poderá continuar a agir.
Sexta-feira de madrugada os dois co-presidentes do partido, Selahattin Demirtas e Figen Yüksekdag, foram presos, assim como outros nove deputados, sendo depois ouvidos em tribunal que confirmou a detenção preventiva.
São acusados de pertencer ou de ter ligações ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK, que há mais de 30 anos luta por autonomia e maior liberdade para a população curda da Turquia e que o Governo de Ancara considera uma organização terrorista.
O HDP negou sempre veementemente ser o braço politico do PKK.
A luz na escuridão
A purga do principal partido curdo é o mais recente episódio de milhares de detenções e encerramento de instituições nas comunidades curdas e pró-curdas e entre a oposição ao Presidente Reccep Tayyip Erdogan, depois de uma alegada tentativa de golpe de Estado em 15 de julho ultimo.
Este domingo, Erdogan reagiu pela primeira vez às detenções do HDP, referindo-se ao partido como um "braço" do PKK e afirmou que teve um "largo sorriso" ao ver carismático Demirtas comparado ao Presidente americano Barack Obama na imprensa ocidental.
"É muito fácil ver os seus verdadeiros rostos", disse num discurso televisivo.
Numa mensagem difundida através dos seus advogados, Demirtas disse que a Turquia "mergulhou ainda mais no obscurantismo". "Mas lembrem-se que na escuridão um único fósforo, uma única vela, é suficiente para iluminar esta escuridão", acrescentou.