Principal conselheiro de Biden faz rara visita à China, apesar das diferenças bilaterais

por Lusa
Reuters

Um conselheiro próximo do presidente norte-americano, Joe Biden, chegou hoje a Pequim para uma visita rara, com os Estados Unidos e a China a tentarem o diálogo num contexto de tensões com os principais aliados de Washington na Ásia.

A viagem de Jake Sullivan à China, que deverá prolongar-se até quinta-feira, é a primeira desde 2016 de um conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, um cargo chave no poder executivo norte-americano.

O avião do conselheiro norte-americano aterrou em Pequim pouco antes das 14:00 locais (07:00 hora de Lisboa), de acordo com imagens em direto dos meios de comunicação social acreditados. À sua chegada, foi recebido pelo embaixador dos Estados Unidos na China, Nicholas Burns.

Jake Sullivan deverá manter conversações com Wang Yi, o chefe da diplomacia chinesa.

O encontro é a demonstração de como China e Estados Unidos estão a tentar manter um diálogo apesar das suas diferenças, mas o contexto é de tensões várias com os principais aliados de Washington na Ásia.

O Japão, signatário de um tratado de segurança com os Estados Unidos, enviou caças na segunda-feira, na sequência da incursão sem precedentes de um avião militar chinês no seu espaço aéreo. Tóquio considerou o incidente como uma "grave violação" da sua soberania.

Por outro lado, as Filipinas, que estão ligadas aos Estados Unidos por um tratado de defesa mútua, acusaram hoje a China de ser o "maior perturbador" da paz na região, na sequência de uma série de confrontos com navios chineses no Mar do Sul da China.

As relações bilaterais entre Estados Unidos e China permanecem tensas, com os diferendos comerciais, a expansão chinesa no Mar do Sul da China e a questão de Taiwan como obstáculos.

A China reivindica a ilha democraticamente governada como parte do seu território e intensificou a intimidação de Taiwan nos últimos anos.

Os Estados Unidos vão "expressar a sua preocupação com o aumento da pressão militar, diplomática e económica da China sobre Taiwan", de acordo com um funcionário norte-americano.

"Estas ações são desestabilizadoras e correm o risco de uma escalada", declarou aos jornalistas.

A China "irá expressar as suas sérias preocupações, clarificar a sua posição firme e fazer fortes exigências relativamente a Taiwan", avisou a televisão estatal chinesa.

Os Estados Unidos não têm relações diplomáticas com Taiwan, mas são o principal fornecedor de armas ao exército chinês.

A China critica regularmente os Estados Unidos, que acusa de apoiar tacitamente o movimento pró-independência.

Jake Sullivan discutirá também a questão do Mar da China Meridional, onde as tensões entre a China e as Filipinas se intensificaram nos últimos meses devido a reivindicações territoriais.

A situação no Médio Oriente também estará na ordem do dia, sendo que a China critica regularmente o apoio dos EUA a Israel, enquanto Washington insta Pequim a utilizar as suas relações com o Irão para apelar à contenção de Teerão.

A visita do conselheiro norte-americano ocorre antes das eleições presidenciais americanas de novembro.

Em caso de vitória, a atual vice-presidente Kamala Harris, candidata à sucessão de Joe Biden, deverá manter um diálogo com a China, mantendo uma política de pressão.

O seu adversário, o antigo Presidente Donald Trump, prometeu adotar uma linha mais dura se regressar à Casa Branca.

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