Principal acusado pelos implantes PIP admite fraude, mas recusa risco para saúde
Paris, 19 abr (Lusa) -- O principal acusado no julgamento dos implantes mamários defeituosos, a decorrer em Marselha, sul de França, admitiu hoje ter enganado as pacientes mas recusou haver riscos para a saúde dos milhares de mulheres que os colocaram.
Mais de 5.000 mulheres, das cerca de 300.000 que em todo o mundo colocaram próteses feitas com um gel de silicone não homologado, apresentaram queixa depois da rutura dos implantes.
"Mantenho que não as coloquei em risco", disse em tribunal Jean-Claude Mas, 73 anos, fundador da empresa francesa Poly Implant Prothese (PIP), terceiro maior fornecedor mundial de próteses mamárias. A empresa exportava 85% da produção para mais de 65 países, 50% dos quais na América do Sul.
Jean-Claude Mas está a ser julgado juntamente com quatro antigos quadros da empresa por "fraude agravada" por, nos anos 2000, ter enchido próteses com um gel de silicone não autorizado. Os cinco podem ser condenados a cinco anos de prisão.
O inquérito judicial concluiu que a utilização daquele gel em vez do gel homologado permitiu à empresa um ganho anual de um milhão de euros.
"O gel PIP não era homologado mas era homologável", sustentou o acusado. "Em termos de toxicidade, é semelhante (ao gel homologado)", insistiu.
Segundo as autoridades de saúde francesas, cerca de um quarto das próteses PIP retiradas das pacientes desde o início do escândalo eram defeituosas.