Principais diplomacias europeias exigem fim imediato de ataques contra FINUL

por Lusa

Os ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Alemanha, Itália e Reino Unido condenaram hoje as ameaças israelitas contra a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL), e exigiram que os ataques contra as tropas internacionais "parem imediatamente".

"Nós, os ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Alemanha, Itália e Reino Unido, expressámos a nossa profunda preocupação após os recentes ataques às bases da FINUL, que deixaram vários soldados da paz feridos", escreveram os chefes daquelas diplomacias europeias numa declaração conjunta.

"Condenamos todas as ameaças à segurança da FINUL", prosseguem os governantes, que exigiram que os "ataques parem imediatamente".

Recordando que qualquer "ataque deliberado" contra as forças de manutenção da paz é contrário ao direito internacional, os ministros apelam a "Israel e a todas as partes para que respeitem a sua obrigação de garantir permanentemente a segurança do pessoal da FINUL" e que permitam a execução do seu mandato.

No domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para levar as forças de manutenção da paz "para um local seguro imediatamente".

"A sua recusa em retirar os soldados da FINUL torna-os reféns do Hezbollah, o que os coloca em perigo", insistiu o chefe do Governo israelita, referindo-se ao grupo armado xiita libanês, alvo da ofensiva terrestre das Forças de Defesa de Israel em curso no sul do Líbano, onde também se encontram estacionados há longa data os capacetes azuis.

Pelo menos cinco militares internacionais ficaram feridos nos últimos dias à margem dos combates entre o Exército israelita e o Hezbollah no sul do Líbano, em ataques fortemente condenados pela ONU, que apontou possíveis "crimes de guerra".

A FINUL, criada em março de 1978 pelo Conselho de Segurança, inclui um total de 10.000 militares e foi apanhada no fogo cruzado de Israel e do Hezbollah desde que o movimento pró-iraniano abriu uma frente contra as forças israelitas, em outubro de 2023, em apoio do seu aliado palestiniano Hamas.

No último ano, o grupo xiita libanês tem trocado tiros de `rockets` numa base quase diária com Israel, que, na última quinzena de setembro intensificou os seus ataques contra o sul do Líbano e arredores de Beirute.

A guerra aberta entre Israel e Hezbollah conheceu novos desenvolvimentos no início do mês, quando as forças israelitas iniciaram uma invasão terrestre no sul do Líbano.

Hoje, Benjamin Netanyahu ameaçou que Israel continuará "a atacar sem piedade o Hezbollah", incluindo em Beirute.

Em Nova Iorque, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, indicou hoje que o número de disparos na fronteira israelo-libanesa atingiu no domingo o nível mais alto desde 08 de outubro de 2023, quando a milícia xiita libanesa do Hezbollah se juntou quase imediatamente aos ataques terroristas do Hamas contra Israel.

De um total de 1.557 disparos registados pela FINUL no domingo, 1.441 (92% do total) vieram de Israel, adiantou a mesma fonte.

Dujarric acrescentou que a missão da FINUL, comandada pelo general espanhol Aroldo Lázaro, "está a avaliar continuamente todos os fatores para determinar a sua própria postura e presença e as suas posições na Linha Azul", que separa os dois países, mas excluiu imediatamente reduzir ou aumentar o número de agentes.

O porta-voz disse que o secretário-geral da ONU, António Guterres, "aprecia enormemente a coragem e a determinação" dos capacetes azuis, tendo "orgulho pelo trabalho realizado" pelos mesmos, apesar de não ter conseguido deter os ataques, cada vez mais ferozes, entre Israel e o Hezbollah, nem ter podido propiciar um desdobramento do exército libanês na faixa sul do país, onde opera o grupo xiita.

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