O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse hoje que o novo navio da Cabo Verde Interilhas chega "em boa hora", para dar regularidade, previsibilidade e maior frequência, prevendo ligar cinco ilhas em 24 horas.
"Sabemos qual é o impacto da pandemia no sistema de transportes, chega em boa hora, esperamos que faça boas viagens, que tenha um bom começo, porque é importante para o país, porque nós somos ilhas e quanto mais ligações tivermos entre as ilhas é melhor para servirmos as populações, o comércio, a atividade económica e melhor servirmos as ilhas", salientou o chefe do Governo.
Ulisses Correia e Silva falava à imprensa, no porto da cidade da Praia, no âmbito da apresentação do novo navio da CV Interilhas, concessionária do transporte marítimo em Cabo Verde, liderada pelo grupo português ETE.
O navio foi batizado com o nome da pianista cabo-verdiana Epifania de Freitas Silva Ramos Évora (1919-2014), conhecida como "Dona Tututa".
Para o primeiro-ministro, a chegada na nova embarcação vai permitir aumentar as ligações e as conectividades e servir algumas linhas com necessidade de reforço, como São Nicolau e Boa Vista.
O governante também disse que vai cumprir o que está no contrato de concessão, que é criar as condições para que haja cada vez mais frequência, mais previsibilidade, mais estabilidade, segurança e conforto no transporte de passageiros e de cargas entre as ilhas do arquipélago.
"Estabelece condições de regularidade, previsibilidade, maior frequência, para que as ilhas sejam cada vez mais conectadas, resolver aquilo que sempre definimos como uma meta: unificação do mercado nacional", reforçou o chefe do Governo.
Antes de adquirido pela CV Interilhas, o navio navegava entre as diversas ilhas das Bahamas e da Florida (Estados Unidos da América) e chega a Cabo Verde depois da conclusão do processo de remodelação no estaleiro português Navaltagus (grupo ETE).
Com capacidade para 220 passageiros, 43 viaturas ou 11 atrelados de 15 metros, o "Dona Tututa" tem 69 metros de comprimento, uma velocidade de 15 nós - faz Lisboa-Praia em cinco dias - e tem ainda capacidade para receber carga frigorífica, o que para o primeiro-ministro facilita a vida dos operadores económicos, particularmente os ligados à agricultura, à pesca e ao comércio.
Para o vice-presidente do grupo ETE - Cabo Verde, Jorge Maurício, trata-se de um navio "bem estruturado" para o mercado do arquipélago", não só para a parte comercial, mas também porque está adaptado às infraestruturas do país, como ir a todos os portos e utilizar os estaleiros navais.
"É um navio muito bem apetrechado, que está totalmente renovado, com conforto para os passageiros, um salão totalmente novo, o que faz dele um grande equipamento para o mercado cabo-verdiano", enfatizou o responsável, destacando também os aspetos de segurança.
Os 16 tripulantes são todos de nacionalidade cabo-verdiana, avançou Jorge Maurício, dando conta que outra novidade é que o navio tem capacidade para acomodar toda a tripulação em camarotes, o que facilita em rotas e viagens mais longas.
O "Dona Tututa" vai ficar a operar na rota São Vicente, São Nicolau, Sal, Boa Vista e Praia, esperando fazer a viagem em 24 horas e, segundo o vice-presidente do grupo, o primeiro trajeto comercial poderá ser feita ainda neste verão, após a certificação e adaptação à bandeira do país.
Jorge Maurício disse que a empresa já está a pensar no terceiro barco próprio, mas salientou que antes é preciso criar um sistema de transporte marítimo de passageiros e mercadorias "bem organizado" em Cabo Verde, com navios, centro de logística e gares marítimas apropriadas.
Desde agosto de 2019 que a CV Interilhas detém a concessão, por 20 anos, do transporte marítimo de passageiros e mercadorias entre as nove ilhas habitadas do arquipélago, tendo recorrido inicialmente a navios de armadores locais (acionistas da empresa, 49%), que antes asseguravam de forma isolada as ligações entre as ilhas.
Depois da aquisição do "Chiquinho BL", que entrou ao serviço em fevereiro de 2020, este novo navio será o primeiro propriedade da concessionária, representando um investimento "à volta de quatro milhões de euros", explicou Jorge Maurício, em entrevista à Lusa, em abril.