O Haiti precisa de quase 108 milhões de euros para organizar as primeiras eleições desde 2016, bem como para rever a Constituição, disse o primeiro-ministro haitiano.
"Estimamos serem necessários cerca de 120 milhões de dólares [108 milhões de euros] para financiar o processo, mas estamos bastante confiantes de que seremos capazes de mobilizar esses recursos", considerou, na quinta-feira, Garry Conille.
Num discurso à nação, para assinalar os primeiros 100 dias no cargo, Conille afirmou que o "apoio dos governos e dos parceiros" permitiu a criação de "um fundo comum para financiar as eleições".
Acrescentou que o Haiti contribuiu "com mais de um terço do montante que será necessário para garantir a revisão da Constituição e avançar decisivamente" para a realização do processo eleitoral.
O líder do Governo de transição haitiano alertou que a violência dos grupos armados, particularmente na região oeste do país, onde se situa a capital, Porto Príncipe, e em Artibonito, representa um grande obstáculo a eleições livres e justas.
Conille disse querer estabelecer um clima de segurança que permita realizar, em 2025, um referendo sobre a reforma constitucional, assim como eleições.
"Estamos a tomar todas as medidas necessárias para que isso possa acontecer", disse.
O responsável acrescentou que, depois das eleições, haverá um novo parlamento e um Presidente a tomar posse a 07 de fevereiro de 2026.
Em 07 de fevereiro de 1991, Jean-Bertrand Aristide tomou posse como o primeiro Presidente democraticamente eleito do Haiti, pondo fim ao um regime militar.
Conille sublinhou que o Conselho Presidencial de Transição já criou o Conselho Eleitoral Provisório e sete dos nove membros foram nomeados para representar os diferentes setores da sociedade.
"Vamos procurar parceiros, mas acima de tudo é da nossa responsabilidade a realização das eleições. E vamos dotar-nos dos meios para isso", garantiu.
O primeiro-ministro haitiano adiantou que, nos primeiros 100 dias no cargo, o Governo desembolsou 700 milhões de gourdes (4,76 milhões de euros), que se vão somar aos fundos já disponíveis para garantir que "o Estado haitiano assuma as suas responsabilidades".
Além disso, garantiu estar a mobilizar especialistas para acompanhar o Conselho Eleitoral Provisório, de forma a garantir que nada falta em termos de assistência técnica e qualquer outro tipo de apoio necessário à realização de eleições.