O primeiro-ministro de Tonga, Siaosi Sovaleni, demitiu-se esta segunda-feira, pouco antes do parlamento de Nuku'alofa votar uma moção de censura, num contexto de relações tensas com o monarca do arquipélago.
"Demiti-me imediatamente de acordo com a Constituição", disse Sovaleni, num breve discurso perante o parlamento, sem especificar as razões para a sua decisão nem contestar a moção de censura.
"No que respeita a Sua Majestade (o rei de Tonga, Tupou VI) (...) e aos nobres que mudaram de lado porque tiveram medo, deixem-me suportar o peso e a dor", acrescentou o dirigente, citado pelo jornal online Matangi.
Tonga é uma monarquia parlamentar em que o rei mantém poderes para nomear juízes, vetar leis e dissolver o parlamento. Tupou VI nomeia nove dos 26 deputados, enquanto os restantes 17 são eleitos pela população.
"É o melhor caminho para Tonga", disse, mais tarde, o político de 54 anos, após a sua demissão, à Rádio Nova Zelândia, acrescentando que espera que alguém tome as rédeas do executivo nos próximos 10 meses, até às próximas eleições gerais.
Sovaleni, que assumiu o poder em dezembro de 2021, enfrentou e sobreviveu uma moção de censura em setembro, apresentada por várias razões que incluíram suspeitas de corrupção, má gestão, a situação da companhia aérea Lulutai Airlines e o incumprimento de promessas eleitorais.
Em fevereiro Tupou VI tinha retirado, sem explicar os motivos, a confiança a Sovaleni como chefe das Forças Armadas, abrindo uma crise política no pequeno reino da Polinésia, onde o monarca tinha o poder absoluto até 2008.
O político admitiu ter "muito pouco conhecimento" sobre a razão pela qual o rei tentou obrigar o governo a abdicar das pastas da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.