O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, convocou hoje eleições para 21 de maio, nas quais a coligação conservadora no poder irá procurar um quarto mandato consecutivo, apesar das sondagens darem vantagem à oposição de centro-esquerda.
Os 17 milhões de eleitores australianos serão chamados às urnas para escolher os deputados do parlamento federal. O líder do partido vencedor será designado primeiro-ministro.
"O nosso governo não é perfeito", disse Morrison numa conferência de imprensa, no Parlamento australiano em Camberra.
"Sei que os australianos passaram por um momento muito difícil. Também sei que a Austrália continuará a enfrentar desafios muito difíceis nos próximos anos", disse o primeiro-ministro,
Ele disse que a coligação no poder tem um plano para dar à população "melhores empregos e a taxa de inflação (3,5%) mais baixa dos últimos 50 anos".
Morrison será o primeiro-ministro australiano a cumprir o mandato de três anos desde 2007, quando John Howard foi afastado, após 12 anos no poder.
O Partido Trabalhista Australiano, de centro-esquerda, liderado por Anthony Albanese, está à frente na maioria das sondagens de opinião, mas analistas preveem um resultado renhido.
Apesar do desemprego mais baixo dos últimos 13 anos e uma economia em recuperação, o primeiro-ministro tem sido criticado pela resposta às inundações que afetaram este ano o sudeste da Austrália, áreas que há dois anos já tinham sido atingidas por incêndios florestais devastadores.
O Governo australiano fixou como meta, até 2050, uma redução de pelo menos 26% das emissões de gases de carbono, em comparação com os níveis de 2005.
Outros países assumiram compromissos mais ambiciosos e o Partido Trabalhista Australiano prometeu reduzir as emissões em 43% até 2030.
A Austrália foi inicialmente bem-sucedida em conter a pandemia de covid-19, em grande parte por meio de restrições a viagens internacionais.
Mas as variantes Delta e Ómicron, mais contagiosas, provaram ser mais difíceis de conter.
A oposição criticou o governo pelo ritmo inicial do lançamento da vacinação na Austrália, cuja população é hoje das mais vacinadas do mundo.
O governo tem defendido o seu trabalho, sublinhando que a Austrália tem o terceiro menor número de mortos entre os 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Segundo analistas, outra questão que deverá marcar a campanha eleitoral será a tensão com a China, que impôs nos últimos anos sanções comerciais, oficiais e não oficiais, contra a Austrália.
"O governo está a procurar criar a perceção de uma diferença entre ele e a oposição numa questão crítica de segurança nacional, que é a China, (...) uma diferença que na prática não existe", disse à Associated Press Dennis Richardson, ex-ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, ex-diretor da agência de inteligência australiana e ex-embaixador nos Estados Unidos.