A primeira-ministra da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, sobreviveu hoje a uma moção de desconfiança no Parlamento, que questionava a gestão da economia e as ligações ao ex-líder e pai, Thaksin Shinawatra, condenado por corrupção.
Paetongtarn, 38 anos, que assumiu o cargo em agosto, foi apoiada por 319 deputados, contra 161, que votaram contra ela, num total de 500 membros da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento
Tal como previsto, a líder foi apoiada pelos 11 partidos da coligação governamental, liderada pelo Puea Thai (Povo Tailandês), uma plataforma ligada ao clã Shinawatra.
A moção foi apresentada na segunda-feira pelo Partido Popular, na oposição, herdeiro do partido Avanzar, dissolvido em agosto passado por uma decisão judicial controversa.
Durante as duas sessões que antecederam a votação, o debate girou em torno do fraco desempenho da economia tailandesa e da alegada influência de Thaksin, que governou o país entre 2021 e 2006, ano em que foi afastado do poder por um golpe militar.
Paetongtarn, candidata a primeira-ministra pelo Puea Thai nas eleições de maio de 2023, chegou ao poder em agosto de 2024, depois de o então líder Srettha Thavisin, também do Puea Thai, ter sido destituído por ordem do Tribunal Constitucional, depois de ter nomeado ministro um dirigente condenado por corrupção.
Thaksin, o político mais influente e polarizador da Tailândia nos últimos 20 anos, regressou ao país depois de ter passado quase 15 anos no exílio, no mesmo dia em que Srettha tomou posse.
O antigo dirigente foi detido à chegada a Banguecoque, acusado de corrupção, mas não chegou a passar uma noite na prisão, tendo sido transferido no mesmo dia para um hospital, onde esteve seis meses, e depois colocado em prisão domiciliária até à sua libertação, dias depois da filha ter ascendido ao poder.
Thaksin, de 75 anos, afirma estar retirado da política, mas admitiu ocasionalmente dar conselhos à atual líder e foi visto a presidir a reuniões com outros proeminentes líderes políticos tailandeses.
O partido reformista Advance venceu as eleições de maio de 2023, mas não conseguiu governar devido a um veto do Senado (câmara alta do parlamento), então composto por representantes ligados à extinta junta militar.
O partido acabou por ser dissolvido pelo Tribunal Constitucional, na sequência de uma promessa eleitoral de alterar as leis que protegem a Casa Real tailandesa de críticas.
O Puea Thai, que inicialmente se aliou ao Advance, acabou por concordar com um governo de coligação em que estão presentes partidos associados aos militares, outrora inimigos dos Shinawatras.