Primeira conversa Blinken-Lavrov em 5 meses agendada para "próximos dias"

por Lusa

O chefe de diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, revelou hoje que irá ter "nos próximos dias" a primeira conversa com o homólogo russo, Sergei Lavrov, desde o início da invasão russa Ucrânia.

A primeira conversa em mais de cinco meses entre os responsáveis das diplomacias norte-americana e russa, irá decorrer por telefone e focar-se-á na situação dos norte-americanos detidos na Rússia e na retoma das exportações ucranianas de cereais, objeto de um acordo na semana passada, mediado pelas Nações Unidas e Turquia.

O secretário de Estado norte-americano especificou durante uma conferência de imprensa que "não será uma negociação sobre a Ucrânia", mas deverá ser principalmente dedicada aos norte-americanos detidos na Rússia e à retoma das exportações de cereais ucranianos.

O último diálogo entre Blinken e Lavrov foi em 15 de fevereiro, quando o diplomata norte-americano instou a Rússia a não avançar com a invasão da Ucrânia, o que se confirmou nove dias depois.

Na `mesa` dos dois ministros dos Negócios Estrangeiros estará agora o acordo entre Kiev e Moscovo, assinado na semana passada em Istambul para permitir o escoamento de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos ucranianos.

"Esperamos que este acordo permita rapidamente que os cereais ucranianos sejam enviados novamente pelo mar Negro e que a Rússia honre a sua promessa de permitir a passagem destes navios", sublinhou Antony Blinken.

Desde que o acordo foi firmado, as autoridades ucranianas têm alertado que não confiam em Moscovo e relataram ataques russos à região de Odessa.

O Kremlin, pelo seu lado, tem defendido que não vê obstáculos à retoma das exportações, que estão também dependentes da retirada das minas marítimas colocadas pelas forças ucranianas para se protegerem contra um ataque russo por esta via.

Outro assunto prioritário para a Casa Branca é a libertação de Paul Whelan e da basquetebolista Brittney Griner, que segundo Blinken estão detidos "injustamente" e deviam poder voltar para casa.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A organização internacional tem observado o regresso de pessoas ao território ucraniano, mas adverte que estão previstas novas vagas de deslocação devido à insegurança e à falta de abastecimento de gás e água nas áreas afetadas por confrontos.

Também segundo as Nações Unidas, mais de 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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