Pressão chinesa fez generais da Birmânia aceitar enviado das Nações Unidas

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A deslocação do enviado especial das Nações Unidas à Birmânia deve-se à pressão diplomática da China sobre a Junta Militar birmanesa, disse à Agência Lusa um analista político birmanês no exílio.

"Foi a China que pressionou a liderança birmanesa a aceitar a ida ao país de Ibrahim Gambari para mediar a crise entre os manifestantes e a Junta Militar", disse Win Min, analista baseado na Tailândia, que fugiu da Birmânia durante o massacre de 1988, quando o Exército esmagou pelas armas as manifestações pacíficas pró-democracia, matando pelo menos três mil pessoas.

"Só a China tem o poder para pressionar a Junta Militar a deixar Ibrahim Gambari entrar", disse Win Min à Agência Lusa, adiantando que "só pode ser também a pressão chinesa que está a prevenir o governo de não atirar para matar contra os manifestantes, tal como aconteceu em 1988".

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, enviou o nigeriano Ibrahim Gambari - que se encontra ainda de viagem, tendo chegado hoje a Singapura - para tentar estabelecer o diálogo entre a Junta Militar e os activistas pró-democracia.

Ban apelou ao governo birmanês para "aceitar o diálogo construtivo com Gambari" e para "tomar o caminho da reconciliação nacional pacífica e abrangente".

A China ecoou na quinta-feira as palavras de Ban, com Pequim a apelar para a "moderação".

"Esperamos que a Birmânia se possa dedicar ao retorno o mais rápido possível da estabilidade, à melhoria do bem-estar do seu povo e à manutenção da harmonia social", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Jiang Yu.

A China, que faz fronteira com a Birmânia, é dos poucos aliados da Junta Militar birmanesa e é um dos maiores parceiros económicos do país, ao qual compra gás natural. A maioria do material militar birmanês é também vendido pela China.

Em Janeiro passado, a China e a Rússia vetaram no Conselho de Segurança das Nações Unidas sanções contra o regime birmanês.

Na quinta-feira, as forças de segurança birmanesas mataram pelo menos nove pessoas, incluindo um jornalista japonês, e fizeram centenas de prisões, numa manobra de repressão armada contra as manifestações pacíficas no país.

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