Presidente sírio decreta aumento de 50% no salário dos militares de carreira

por Inês Moreira Santos - RTP
Reuters

Rebeldes sírios enfrentaram forças do Governo e milícias aliadas, esta quarta-feira, nos arredores da cidade de Hama. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), pelo menos 16 pessoas foram mortas em combates no leste da Síria, onde as forças do regime repeliram um ataque de combatentes aliados das forças curdas. Com este cenário de confrontos, o presidente sírio, Bashar al-Assad, promulgou um decreto para um aumento salarial aos soldados de carreira.

Numa altura em que o exército enfrenta uma ofensiva relâmpago dos rebeldes no norte do país, Bashar al-Assad anunciou por decreto o aumento dos salários dos soldados de carreira em 50 por cento – decisão que não se aplica a reservistas ou reformados.

O anúncio surgiu nas últimas horas, depois de o exército ter tentado repelir o avanço em direção à cidade de Hama de uma coligação de rebeldes liderados por islamitas radicais, que tomaram nos últimos dias a maior parte de Alepo, a segunda cidade da Síria.

“Com um salário de 20 dólares por mês, as tropas estão desmotivadas e desmoralizadas”, disse à AFP o analista Fabrice Balanche, que explicou que o exército sírio é geralmente composto por voluntários, recrutas e reservistas.

Antes da guerra, o efetivo militar sírio era estimado em cerca de 300 mil homens, mas os dados de 2015 indicam que as forças sírias tinham perdido metade dos efetivos devido a mortes e deserções durante o conflito.
Rebeldes avançam em direção a Hama
O exército sírio tem enfrentado vários confrontos com insurgentes liderados por islâmicos na província de Hama e, paralelamente, tem tentado deter o avanço dos rebeldes na principal cidade da região central do país.

A agência de notícias estatal síria SANA noticiou, esta quarta-feira, que o exército continuava as operações contra "organizações terroristas" na província de Hama, no norte.

Segundo a mesma fonte, as "unidades do exército estão envolvidas em confrontos violentos com vários tipos de armas" em eixos a nordeste e noroeste da cidade.

Os confrontos surgem no momento em que uma coligação liderada por extremistas islâmicos lançou uma ofensiva relâmpago no noroeste da Síria, a 27 de novembro, tomando dezenas de cidades e uma grande parte de Alepo
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Os rebeldes fizeram um avanço maior na semana passada, tomando Aleppo – considerada a maior cidade da Síria antes da guerra - num ataque inesperado que quebrou longas linhas da frente estáveis e desestabilizou ainda mais uma região.

A província de Deir Ezzor, no extremo leste da Síria, está dividida entre as forças do regime de al-Assad, que detêm a margem ocidental do rio Eufrates, e os combatentes locais integrados nas Forças Democráticas Sírias (FDS, dominadas pelos curdos), que controlam a margem oriental. Região onde, esta quarta-feira, prevaleceu uma "calma relativa" depois de as forças do regime terem repelido um ataque lançado por combatentes aliados às forças curdas, segundo o OSDH.

Os combates, que começaram na terça-feira de manhã, foram acompanhados por ataques aéreos dos Estados Unidos em apoio às forças aliadas das FDS, acrescentou o observatório. Os confrontos fizeram "16 mortos, incluindo dois civis, onze soldados e combatentes de grupos pró-regime", assim como três combatentes das FDS.

Apoiadas por uma coligação internacional liderada por Washington, as FDS lideram a luta contra os radicais do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria. Os combates descritos pelo OSDH ocorreram perto da base da Conoco, onde estão estacionadas as tropas americanas.
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