Presidente são-tomense aponta reforma da justiça e da diplomacia como prioridades

por Lusa

O Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, apontou hoje como prioridades a reforma da justiça e a reestruturação do Ministério dos Negócios Estrangeiros, prometendo "continuar a lutar" por melhorias nestes setores.

"Eu creio que neste momento, em termos de sensibilização, já começa a haver uma maior assunção do que é a responsabilidade e o poder da justiça e a perseverança com que o chefe de Estado quer tratar esse assunto", afirmou Vila Nova, que cumpre no próximo dia 02 cinco meses de mandato.

O Presidente são-tomense, que falava à Lusa durante uma visita privada a Portugal, defendeu a necessidade de "continuar a dar passos" para a "tão almejada modernização da justiça".

"Nós temos que ter uma justiça que seja feita em nome do povo, uma justiça que sirva à nação e não uma justiça que esteja aí apenas para fazer de conta e servir interesses pessoas e de grupos", sustentou.

"Continuarei a lutar por isso e vamos continuar a trabalhar com os parceiros com todos, os de dentro e os de fora, porque são todos necessários para levarmos adiante este dossiê, que é um dos grandes males que enfermam o nosso país", prometeu.

Depois de lamentar, no seu discurso de ano novo, a falta de um "ato sério vigoroso, decisivo de combate à corrupção", Carlos Vila Nova admitiu hoje que gostaria de ter visto, até agora, mais passos do Governo, liderado por Jorge Bom Jesus, para fazer mudanças efetivas nesta área, mas disse acreditar que no futuro "possa haver mais dinâmica".

"Nós tivemos meio ano de 2021, o segundo semestre, todo preenchido com as eleições presidenciais e isso também foi uma atividade suplementar extra de preocupação também para o Governo. E no início deste ano, tivemos o Orçamento Geral do Estado, agora promulgado e publicado. Então esperemos que doravante já possa haver mais dinâmica", comentou, recordando também que o executivo concluiu recentemente uma remodelação governamental, com mudanças na pasta da Justiça.

Os problemas do setor vão obrigar, disse, a uma atenção "durante todo o mandato", porque ser "uma questão crucial e muito importante para a democracia e para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe".

"Acompanharei cuidadosamente todas as ações no sentido de melhorarmos as coisas em São Tomé e Príncipe", garantiu.

Outra área sobre a qual o Presidente prometeu uma atenção especial é a da diplomacia.

"Desde logo nós temos que começar por estruturar o que é o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Temos um ministério não propriamente funcional (...) e é preciso dar um novo élan, ao nível dos recursos humanos, de profissionalização dos quadros", apontou.

Vila Nova salientou que São Tomé e Príncipe é "um país pequeno e com poucos diplomatas e com dificuldades enormes".

"Quando não se acompanha, não se define, não se é um profissional de diplomacia, complica mais as coisas", acrescentou.

A reestruturação do ministério, referiu, "levará certamente algum tempo, mas é preciso que as linhas mestras que orientarão as relações externas sejam redefinidas e cumpridas".

"Pedi levantamentos do que é hoje a situação atual da rede diplomática para analisarmos melhores e tomarmos decisões mais adaptadas ao que é a realidade do país", disse.

Quanto ao setor da saúde, a que dedicou particular atenção desde o início do mandato, com uma visita ao hospital central, na cidade de São Tomé, e convocando um Conselho de Estado sobre o tema, Vila Nova considerou que já foi possível "progredir um bocadinho" no sentido de garantir "uma saúde melhor para todos".

Sobre a sua relação com os restantes órgãos do Estado nestes quase cinco meses de mandato, e após uma campanha eleitoral para as presidenciais que acentuou clivagens políticas, Vila Nova afirmou que esta tem sido "boa dentro do que é o quadro institucional".

"Não me parece que tenha de facto havido qualquer tipo de incidentes e há sempre apelos para que haja a maior convivialidade, sobretudo lealdade, no que são as instituições do Estado e parece-me que tem havido, pelo menos, diálogo para que as coisas funcionem", comentou.

 

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