O Presidente da República eleito de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, garantiu hoje, perante centenas de apoiantes, que apenas o povo lhe poderá "dar ordens", prometendo trabalhar para acabar com o "ódio e perseguição" no país.
"As únicas pessoas que me poderão dar ordens enquanto Presidente será o povo", disse Vila Nova, naquela que foi a sua primeira aparição pública após o anúncio dos resultados provisórios, na madrugada de hoje, pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN).
O Presidente eleito respondia assim, indiretamente, a ataques dos seus adversários na corrida eleitoral, que o acusavam de ser `comandado`, a partir do exterior, pelo líder do partido na oposição Ação Democrática Independente (ADI), Patrice Trovoada, de cujos governos Vila Nova foi ministro.
"Eu vou respeitar o povo sempre", assegurou, perante a multidão, que aplaudia e agitava bandeiras da sua candidatura e da ADI.
Durante toda a tarde, centenas de apoiantes permaneceram na Praça da Independência e na estrada em frente, que foi cortada ao trânsito, e onde estava instalado um camião que funcionava como palco, em cima do qual atuavam artistas.
Ao anoitecer, uma caravana de motoqueiros, seguidos de vários carros e carrinhas cheios de apoiantes, a buzinar efusivamente, antecedia o Presidente eleito, recebido em euforia pela multidão.
"O povo disse que quem escolhe os seus dirigentes é o povo. Não é no gabinete que se escolhe. Eles andaram a brincar, mas hoje o povo disse: Vila Nova é Presidente eleito", disse o futuro chefe de Estado são-tomense.
"Quando o povo quer, o povo põe. Quando não quer, o povo tira", uma expressão popular em São Tomé e Príncipe que os apoiantes repetiram.
Depois de agradecer os apoios que recebeu durante a candidatura, Vila Nova afirmou que será "o Presidente de todos os são-tomenses", os "adversários e os amigos de caminhada".
"Vamos trabalhar juntos. Não queremos um país do ódio, da perseguição, onde quem luta pela sobrevivência leva com a palmatória", afirmou, avisando: "Só não quero malandrice".
Garantiu que estará sempre disponível para "falar com toda a gente" e prometeu: "Eu vou aparecer só na zona sem avisar. É para jogar à bola? Eu também sei. É para dançar? Eu também sei".
Os apoiantes dançavam ao som do hino da campanha, em que se ouve "Vila Nova, Vida Nova", e agitavam bandeiras e cartazes da candidatura presidencial e do partido ADI, liderado por Patrice Trovoada, antigo primeiro-ministro que está ausente do país desde as eleições legislativas de 2018.
Do palco, o porta-voz da ADI, Gareth Guadalupe, recordou o slogan "mais além", da campanha eleitoral do líder do partido em 2018, e lançou o grito `Viva Patrice Trovoada`, recebendo uma forte ovação.
Do céu caía uma chuvinha fraca, o que motivou comentários de duas mulheres: "Posser está a chorar! Posser está a chorar!".