O Presidente iraniano, Hassan Rouhani, não recebeu qualquer pedido de demissão por parte do responsável pela diplomacia do Irão, Javad Zarif, pelo que não pode aceitá-la, referem fontes ligadas ao Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros.
Segunda-feira à noite, Zarif surpreendeu todos ao anunciar na sua conta de Instagram que se demitia por "incapacidade de se manter no cargo".
“Peço desculpa por todas as falhas nos últimos anos, durante o meu tempo
como ministro dos Negócios Estrangeiros. Agradeço à nação e às
autoridades iranianas”, escreveu Zarif.
A agência oficial iraniana IRNA confirmou depois a demissão do chefe da diplomacia iraniana, citando o porta-voz Abbas Musavi. Apesar disso, até terça-feira à tarde, nenhum pedido de demissão tinha sido entregue, alegaram fontes do gabinete de Rouhani.Notícias de que Hassan Rouhani teria anunciado já esta terça-feira na sua conta Instagram, que rejeitava a demissão de Zarif, foram entretanto retiradas, após se verificar que a conta não é oficial mas gerida por apoiantes do Presidente.
A agência oficial iraniana IRNA confirmou depois a demissão do chefe da diplomacia iraniana, citando o porta-voz Abbas Musavi. Apesar disso, até terça-feira à tarde, nenhum pedido de demissão tinha sido entregue, alegaram fontes do gabinete de Rouhani.Notícias de que Hassan Rouhani teria anunciado já esta terça-feira na sua conta Instagram, que rejeitava a demissão de Zarif, foram entretanto retiradas, após se verificar que a conta não é oficial mas gerida por apoiantes do Presidente.
O anúncio pusera os meandros políticos e jornalísticos iranianos a fervilhar, com a maioria dos analistas a considerar que o ministro pretendeu sobretudo forçar uma tomada de posição por parte do Líder Supremo, o Ayatholla Ali Khamenei, face à crescente interferência de alas políticas mais conservadoras na governação, particularmente quanto às vantagens do Acordo Nuclear Iraniano de 2015.
Tais teorias foram oficialmente rejeitadas, tal como as notícias sobre a aceitação - ou não - do pedido de saída de Zarif. Isso mesmo sublinhou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Bahram Qasemi, citado pela agência de notícias Fars News.
"Todas as interpretações e análises quanto às razões por trás da demissão do ministros dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, além das que ele publicou na sua conta Instagram, não são correctas e, como disse hoje o chefe de gabinete do Presidente do Irão, a demissão não foi aceite", afirmou Qasemi.
Apoios a Zarif
Deputados em representação da fação moderada maioritária enviaram entretanto uma carta a
Rouhani, a pedir-lhe para manter Zarif, afirmou a agência
IRNA.Um deles, Ali Motahari, considerou ser pouco natural que Rouhani aceitasse o pedido de demissão de um dos seus maiores aliados, já que mais ninguém pode preencher a posição que ele ocupa atualmente. Uma análise secundada por deputados de ambas as fações.
Já o chefe de gabinete do Presidente referiu, também no Instagram, que Rouhani mantém todo o apoio a Zarif. Mahmoud Vaezi lembrou elogios recentes do Presidente ao seu ministro dos Negócios Estrangeiros, descrevendo-os como "um sinal claro de satisfação por parte do representante do povo iraniano com as sábias a acertadas decisões e trabalho do Dr. Zarif".
"Do ponto de vista do Dr Rouhani, a República Islâmica do Irão, tem apenas uma política estrangeira e um só ministro dos Negócios Estrangeiros", sublinhou ainda Vaezi.
Javad Zarif ocupa o cargo desde agosto de 2013, altura em que o reformista Hassan Rouhani assumiu funções como Presidente.
Antigo embaixador do Irão junto das Nações Unidas, entre 2002 e 2007, o diplomata, educado nos Estados Unidos, foi um dos protagonistas do processo negocial que levou à assinatura do Acordo sobre o programa nuclear iraniano (Joint Comprehensive Plan of Action).
O texto, alcançado após anos de negociações frustradas, foi assinado entre a República Islâmica e os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas mais a Alemanha.
Guerra interna
No entanto, nos últimos meses, Javad Zarif enfrentou críticas e a pressão das alas mais conservadoras do Irão, sobretudo depois de Washington ter anunciado, em maio de 2018, que iria abandonar o Acordo assinado em julho de 2015, ainda durante a Administração Obama.
Guerra interna
No entanto, nos últimos meses, Javad Zarif enfrentou críticas e a pressão das alas mais conservadoras do Irão, sobretudo depois de Washington ter anunciado, em maio de 2018, que iria abandonar o Acordo assinado em julho de 2015, ainda durante a Administração Obama.
Um aliado de Zarif referiu à Agência Reuters, sob anonimato, que as criticas ao Acordo se tornaram insuportáveis. "Havia reuniões à porta-fechada todas as semanas, onde altos responsáveis o bombardeavam com perguntas sobre o acordo e o que irá suceder, etc", referiu. "Ele e o seu patrão [Rouhani] estavam sob uma imensa pressão".Rouhani e Zarif têm tido de explicar porque é que o Irão continua a respeitar as restrições impostas no Acordo quando não colhe praticamente nenhum benefício económicos esperados, desde a nova imposição das sanções dos EUA.
O Presidente do Irão refere que o país está a enfrentar a sua mais grave crise económica em 40 anos. As dificuldades estarão a provocar grandes protestos e apelos à demissão tanto de Rouhani como das forças religiosas xiitas.
Por isso, o apoio de Khamenei a Rouhani e a Zarif, poderia acalmar os ânimos e aproximar moderados e conservadores radicais. Um antigo responsável, apoiante de reformas, alertou para graves consequências, se a demissão de Zarif fosse aceite.
"Teria um efeito dominó", considerou. "E outros ministros e até Rouhani, poderiam seguir-lhe o exemplo e isso não é algo que este país possa tolerar, sob a pressão da América e as sanções. Os radicais seriam reforçados e qualquer tipo de reforma seria enterrada por pelo menos dez anos", acrescentou.
"Boa viagem"
O site de informação Entekhab referiu que a demissão de Zarif se deveu ao facto de ele não ter sido informado de uma visita do Presidente sírio Bashar al-Assad a Teerão, segunda-feira.
O Presidente do Irão refere que o país está a enfrentar a sua mais grave crise económica em 40 anos. As dificuldades estarão a provocar grandes protestos e apelos à demissão tanto de Rouhani como das forças religiosas xiitas.
Por isso, o apoio de Khamenei a Rouhani e a Zarif, poderia acalmar os ânimos e aproximar moderados e conservadores radicais. Um antigo responsável, apoiante de reformas, alertou para graves consequências, se a demissão de Zarif fosse aceite.
"Teria um efeito dominó", considerou. "E outros ministros e até Rouhani, poderiam seguir-lhe o exemplo e isso não é algo que este país possa tolerar, sob a pressão da América e as sanções. Os radicais seriam reforçados e qualquer tipo de reforma seria enterrada por pelo menos dez anos", acrescentou.
"Boa viagem"
O site de informação Entekhab referiu que a demissão de Zarif se deveu ao facto de ele não ter sido informado de uma visita do Presidente sírio Bashar al-Assad a Teerão, segunda-feira.
Citado pela agência de notícias Isna, o primeiro vice-presidente do Parlamento, Ali Motahari, referiu que por trás do pedido estariam "interferências de certos organismos, na política estrangeira do Governo".
O Presidente iraniano disse terça-feira que o seu homólogo sírio tinha deixado agradecimentos "ao ministro dos Negócios estrangeiros" durante a sua visita e perante a ausência de Zarif nos encontros entre Assad e Khamenei e Rouhani. Zarif terá sido elogiado por estar "na linha da frente contra os Estados Unidos" e pela "sua devoção e aptidão".
Numa entrevista publicada esta terça-feira pelo jornal conservador Jomhoori Eslami, Javad Zarid afirmou que, "quando a confiança na pessoa que gere a política estrangeira se perde, tudo está perdido".
O homólogo norte-americano de Zarif, o secretário de Estado Mike Pompeo, "tomou nota" do pedido de demissão e disse que tanto Zarif como Rouhani são a mesma "face de uma máfia religiosa corrompida".
Já o primeiro-ministro israelita afirmou no Twitter, "Zarif foi-se embora, boa viagem. Enquanto eu aqui estiver, o Irão não terá bombas nucleares".
O Presidente iraniano disse terça-feira que o seu homólogo sírio tinha deixado agradecimentos "ao ministro dos Negócios estrangeiros" durante a sua visita e perante a ausência de Zarif nos encontros entre Assad e Khamenei e Rouhani. Zarif terá sido elogiado por estar "na linha da frente contra os Estados Unidos" e pela "sua devoção e aptidão".
Numa entrevista publicada esta terça-feira pelo jornal conservador Jomhoori Eslami, Javad Zarid afirmou que, "quando a confiança na pessoa que gere a política estrangeira se perde, tudo está perdido".
O homólogo norte-americano de Zarif, o secretário de Estado Mike Pompeo, "tomou nota" do pedido de demissão e disse que tanto Zarif como Rouhani são a mesma "face de uma máfia religiosa corrompida".
Já o primeiro-ministro israelita afirmou no Twitter, "Zarif foi-se embora, boa viagem. Enquanto eu aqui estiver, o Irão não terá bombas nucleares".