Presidente do Irão está desaparecido

por RTP

Foto - Reuters

O helicóptero do presidente do Irão, Ebrahim Raisi, caiu este domingo numa zona montanhosa do nordeste do país. As buscas aéreas tiveram de ser interrompidas durante a noite devido ao mau tempo e à escuridão.

A televisão estatal iraniana confirmou, quatro horas depois da notícias da queda, que a aeronave tinha sido encontrada, sem revelar se havia sobreviventes, mas a informação foi depois desmentida pelo Crescente Vermelho e pelo ministério do Interior.

"Apesar do tempo adverso e das condições ambientais, os esforços das equipas de socorro para chegar ao local do acidente prosseguem com afinco e com esperança", referiu pelas 23h45 em Portugal um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão.

Ao início da noite terá sido detetado o sinal do telemóvel de um dos membros da tripulação que viajava no helicóptero, abrindo a possibilidade do aparelho ser encontrado mais facilmente. Após a queda, houve contactos rádio que depois se perderam, referiu o ministro do Interior, Amir Vahidi. A cobertura de comunicações é esparsa na região.

Hossein Salami, Chefe de Estado Maior dos Guardas da Revolução, o exército iraniano, chegou durante a noite à área onde se presume que o helicóptero se despenhou, para supervisionar os esforços de busca e resgate.

Foi constituído um grupo de crise composto pelos principais comandantes das forças iranianas, o primeiro vice-presidente, Mohammas Mokhber, ministros e responsáveis locais, revelaram os media estatais.

De acordo com a Constituição do país, em caso de morte de Ebrahim Raisi, o novo presidente interino e chefe de governo deverá ser Mohammas Mokhber, enquanto primeiro vice-presidente, estando prevista a realização de eleições presidenciais no prazo de 50 dias.

Um porta-voz do executivo iraniano referiu que Mokhber deixou Teerão no final da tarde, rumo a Tabriz, acompanhado de vários membros do governo que tinham permanecido na capital iraniana.
Acessos e mau tempo dificultam buscas
A delegação iraniana chefiada por Raisi tinha participado, ao lado do presidente azeri, Ilham Aliyev, da inauguração de uma barragem conjunta, durante a manhã. Regressava a Teerão por via de  Tabriz, a maior cidade iraniana no nordeste do país.

O aparelho onde seguiam Ebrahim Raisi e o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir Abdollahian, despenhou-se, alegadamente devido ao mau tempo, depois de uma visita à área fronteiriça entre o Irão e o Azerbaijão. 

A televisão estatal começou por anunciar que a aeronave sofreu uma "forte queda" que atribuiu horas depois às condições atmosféricas adversas.

O acidente ocorreu perto da cidade de Jofa, a cerca de 600 kms a noroeste da capital iraniana.

Dois dos três helicópteros da comitiva aterraram em Tabriz sem incidentes e apesar do espesso nevoeiro que afetava a região.

Mais de 40 grupos do Crescente Vermelho foram envolvidos nas buscas, com drones e cães. O ministro Amir Vahidi mencionou o acesso difícil ao local da queda e o mau tempo para explicar a demora nas notícias.

Vários países expressaram solidariedade ou ofereceram ajuda para os esforços de buscas, incluindo os vizinhos Azerbaijão e Arménia, e a Arábia Saudita. Turquia e Rússia enviaram equipas de resgate de montanha.

A pedido de Teerão, a União Europeia ativou o sistema de satélites Copernicus, para ajudar as equipas iranianas.

O grupo palestiniano Hamas e os rebeldes Houthi do Iémen, ambos subvencionados pelo regime iraniano, expressaram a sua solidariedade.

Os Estados Unidos têm mantido discrição nos comentários, referindo apenas que Washington acompanha a evolução do sucedido. A Casa Branca confirmou que o presidente Joe Biden foi informado.

Ebrahim Raisi, de 63 anos, um ultra-conservador, é considerado o provável sucessor de Ali Khamenei, como supremo líder do Irão, e a sua liderança é muito contestada no Ocidente.

Khamenei garantiu este domingo aos iranianos que o funcionamento do país irá continuar sem sobressaltos, caso as piores notícias se confirmem.

Algumas publicações nas redes sociais mostraram imagens dos Guardas da Revolução a reforçar posições em torno de edifícios governamentais em Teerão, sem ser possível verificar a autenticidade temporal dos vídeos ou relação das movimentações militares com o incidente do helicóptero.
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