Presidente da Polónia recorda "magnitude dos crimes" em Auschwitz-Birkenau

por Lusa

O Presidente da Polónia, Andrzej Duda, recordou hoje a "magnitude dos crimes" em Auschwitz-Birkenau, ao dirigir-se a sobreviventes de várias nacionalidades na cerimónia que assinalou no local os 75 anos da libertação deste campo de concentração nazi.

"Temos connosco os últimos sobreviventes, os últimos que viram o Holocausto com os seus próprios olhos", disse Duda perante diversos responsáveis internacionais, onde se incluíam o Presidente da Alemanha e líderes de judeus, cristãos e muçulmanos.

"A magnitude do crime perpetrado neste lugar foi terrífica, mas devemos olhar em frente e sem nunca esquecer", sublinhou.

Cerca de 200 sobreviventes compareceram na cerimónia, na maioria idosos judeus e não-judeus que viajaram desde Israel, Estados Unidos, Austrália, Peru, Rússia, Eslovénia e outros países. Muitos perderam os pais ou avós em Auschwitz ou em outros "campos da morte" nazis, mas estavam acompanhados por filhos, netos e mesmo bisnetos.

Auschwitz, um campo de detenção e extermínio construído pela Alemanha nazi em território do sul da Polónia, foi libertado pelo exército soviético em 27 de janeiro de 1945.

A maioria das cerca de 1,1 milhões de pessoas mortas no campo eram judeus, mas também estiveram detidos neste complexo nazi polacos, russos ou ciganos (Roma). Os sobreviventes polacos acompanharam Duda junto à entrada do portão principal, usando as fardas de prisioneiros com listas horizontais pretas e brancas e que recordavam as que usavam há 75 anos.

Duda não participou na celebração que decorreu na semana passada em Jerusalém, onde estiveram presentes diversos líderes mundiais, incluindo Vladimir Putin, em protesto contra as declarações do Presidente russo que previamente se tinha referido à responsabilidade da Polónia no desencadear da Segunda Guerra Mundial.

Nos últimos anos, diversos países da Europa de leste têm mitificado o comportamento do seu povo durante a guerra, evitando referências às atitudes de colaboracionismo face ao ocupante alemão, e a Polónia não escapou a estas críticas.

Hoje, Duda disse ter sentido que em Jerusalém "a participação polaca no combate épico contra os nazis foi ignorada".

As comemorações de hoje permitiram ao chefe de Estado polaco defender o seu país, ao recordar a forma como foi invadida a Polónia -- na sequência do "pacto germano-soviético" de agosto de 1939 --, e a morte de seis milhões de cidadãos na guerra, metade deles judeus.

Assinalou ainda que a Polónia combateu os alemães em várias frentes, que o país em vão avisou o mundo sobre o genocídio dos judeus, e que durante décadas foi a guardiã de Auschwitz e outros locais onde decorreram as atrocidades.

"Distorcer a história da Segunda Guerra Mundial, negar os crimes de genocídio e a utilização instrumental de Auschwitz para diversos objetivos equivale a denegrir a memória das vítimas", disse Duda. "A verdade sobre o Holocausto não deve morrer".

Na cerimónia de hoje Portugal fez-se representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que se incluía entre os cerca de 50 representantes oficiais de diversos países.

Os presidentes da Áustria, Alemanha, Irlanda e Israel ou os primeiros-ministros da Bulgária, Croácia, França, Grécia, Hungria e República Checa também marcaram presença, a par dos reis da Bélgica, de Espanha e da Holanda.

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