O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, anunciou hoje que na próxima semana vai fazer uma ronda de audiências para remarcar a data das eleições legislativas antecipadas previstas para 24 de novembro e adiadas.
O anúncio foi feito quando o chefe de Estado discursava na cerimónia de comemoração dos 60 anos das Forças Armadas, dos 51 anos da independência da Guiné-Bissau e do centenário de nascimento de Amilcar Cabral.
Sissoco Embaló começou por fazer uma curta declaração em português para, logo a seguir, se dirigir ao povo guineense em crioulo e abordar a situação política.
O Presidente da Guiné-Bissau informou que "na prÓxima semana" vai convocar todas as estruturas, nomeadamente a Comissão Nacional de Eleições (CNE), e os partidos "para marcar nova data para as eleições".
A oposição tem reivindicado a remarcação do ato eleitoral e chegou a anunciar manifestações para a data das comemorações do Dia das Forças Armadas, entretanto canceladas.
O Presidente disse hoje, no discurso durante a cerimónia, que quer "estabilidade política" e que é preciso "renunciar a toda a violência".
Sissoco Embaló lembrou que os sucessivos golpes militares no país desacreditaram as Forças Armadas, que disse estar "a reconstruir".
Desde que foi eleito, fez coincidir as comemorações da independência da Guiné-Bissau do colonialismo português, declarada unilateralmente a 24 de setembro de 1973, com o Dia das Forças Armadas, a 16 de Novembro.
À polémica que persiste em torno da decisão, o Presidente guineense reiterou hoje que o dia da independência "ninguém pode mudar", mas as festividades sim, já que a época das chuvas retiraria, em setembro, a adesão à cerimónia, nomeadamente de representantes de outros países.
Entre os convidados para a cerimónia de hoje estiveram o Presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, que em poucos meses visita a Guiné-Bissau pela segunda vez.
Para Sissoco Embaló, é uma demonstração de que a relação entre os dois países vizinhos não é uma relação de pessoas, mas dos seus povos.
Na cerimónia de hoje foi evocado nos discursos o líder histórico da Guiné-Bissau, Amílcar Cabral, com o Presidente guineense a acrescentar também todos os combatentes e comandantes da luta pela libertação, destacando o antigo presidente Nino Vieira.
Nesta cerimónia foram condecorados "mais de cem oficiais", incluindo o chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, Biaguê Na N´Tan, e a presidente em exercício da Assembleia Nacional Popular, Adja Satu Camará.
O ministro da Defesa da Guiné-Bissau, Dionísio Cabi, salientou que o modelo das Forças Armadas do país "deve-se em parte ao ilustre Amílcar Cabral" e faz parte do legado de "um homem que transcendeu o seu tempo".
Em plena luta armada comandada por Cabral, foram criadas, em 1964, as primeiras unidades das Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARP), no histórico congresso de Cassacá, que conseguiu unir todas as etnias guineenses na luta pela independência de Portugal.
Sessenta anos depois, Cabral foi homenageado pelos militares que associaram as comemorações do Dia das Forças Armadas ao centenário do nascimento do carismático combatente, que se fosse vivo teria completado 100 anos em setembro.