O presidente da Comissão de Ética do Congresso dos Estados Unidos anunciou hoje uma resolução para forçar uma votação sobre a expulsão do congressista George Santos, após um relatório demonstrar que beneficiou de doações de campanha para uso pessoal.
De origem brasileira, Santos sobreviveu facilmente a uma votação de expulsão no início deste mês, já que legisladores de ambos os partidos destacaram a necessidade de permitir o desenvolvimento dos processos que correm contra ele, quando o congressista republicano enfrenta quase duas dúzias de acusações em tribunais federais.
Mas a divulgação das conclusões da Comissão gerou um novo impulso para destituir o congressista eleito por Nova Iorque, que já declarou que não procurará um novo mandato, e que tem sido assolado por escândalos.
"As provas descobertas na investigação da Subcomissão de Investigação da Comissão de Ética são mais do que suficientes para justificar a punição e a punição mais apropriada é a expulsão", disse o congressista Michael Guest.
A Comissão de Ética encaminhou as suas conclusões para o Departamento de Justiça, apresentando novas provas que podem influenciar as acusações federais contra Santos.
Os legisladores optaram por fazer o seu trabalho sem passar por um longo processo formal que serviria para uma recomendação à Câmara dos Representantes sobre a forma adequada de punição.
Guest sublinhou na sua declaração que a resolução de expulsão é separada do processo da Comissão e que a fazia na qualidade pessoal de membro da Câmara.
Vários outros membros da Comissão de Ética também se manifestaram a favor da expulsão, agora que a investigação está concluída.
A expulsão da Câmara dos Representantes exige uma votação de dois terços, um patamar elevado, e é a forma mais severa de punição, tendo ocorrido apenas cinco vezes na sua história: três na Guerra Civil por deslealdade à União e duas após condenações por acusações federais, a mais recente em 2002.
Santos atacou o relatório da Comissão de Ética através da rede X, descrevendo-o como uma "repugnante difamação politizada", e anunciou uma conferência de imprensa na escadaria do Capitólio em 30 de novembro, mas a votação sobre a possibilidade de expulsá-lo provavelmente ocorrerá antes dessa data.
O painel da Comissão de Ética nomeado para investigar Santos reuniu-se nove vezes, entrevistou mais de 40 testemunhas e autorizou 37 notificações.
Entre as alegações mais graves inclui-se o uso de doações de campanha para pagar estadas em Atlantic City e no complexo de luxo nova-iorquino Hamptons para pagar um tratamento de Botox num `spa`.
O painel também descreveu Santos como pouco cooperante com a investigação, recusando-se a testemunhar voluntariamente ou a prestar declarações sob juramento.
Mas as conclusões do painel de investigação podem ser a menor das preocupações de Santos. O congressista enfrenta 23 acusações federais, que alegam que roubou as identidades de doadores de campanha e depois usou os seus cartões de crédito para beneficiar de dezenas de milhares de dólares em pagamentos não autorizadas.
Os procuradores federais dizem que Santos, que se declarou inocente, transferiu parte do dinheiro para a sua conta bancária pessoal e usou a restante para encher os seus cofres de campanha.
George Santos, que representa partes de Queens e Long Island, também é acusado de declarar falsamente à Comissão Eleitoral Federal que tinha emprestado 500 mil dólares (459 mil euros) à sua campanha, quando na verdade não tinha transferido nada e possuía menos de oito mil dólares (7,3 mil euros) no banco.
O falso empréstimo foi uma tentativa de convencer os responsáveis do Partido Republicano de que ele era um candidato sério e que merecia o seu apoio financeiro, diz a acusação.