Presidência polaca da UE acena com negociações de paz para a Ucrânia

por Inês Moreira Santos - RTP
Martyna Niecko - Reuters

O primeiro-ministro polaco recebe, na quinta-feira, o presidente francês para discutir a situação na Ucrânia e as conversações que moderou no fim de semana, em Paris, entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky. De acordo com o próprio Donald Tusk, as negociações de paz para pôr cobro à guerra iniciada com a invasão russa podem começar já este inverno.

"Quero que a Polónia seja o país que não apenas estará presente, mas que dará o tom para essas decisões que nos trarão segurança e protegerão os interesses polacos", disse o governante na terça-feira.

Desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, a Polónia assumiu o apoio à vizinha Ucrânia. Agora, a um mês de assumir a presidência rotativa da União Europeia, quer acelerar as negociações de paz para que comecem já no inverno.

“A nossa presidência [da UE] será notavelmente corresponsável pelo futuro cenário político, talvez em como a situação ficará durante as negociações [de paz], que podem começar — embora ainda haja pontos de interrogação — no inverno deste ano”, afirmou ainda no Parlamento polaco.
Tusk, um forte aliado da vizinha Ucrânia, falou na terça-feira com presidente ucraniano e vai receber o presidente francês, na quinta-feira. Zelensky, após a conversa, agradeceu o “apoio inabalável da amiga Polónia e a implementação do novo pacote de ajuda militar”.

“Discutimos o progresso da Ucrânia no caminho para a integração europeia e as prioridades da presidência de seis meses da Polónia no Conselho da UE”, escreveu ainda na rede social X, acrescentando que pretendem “coordenar melhor” as “ações conjuntas”.


Quanto à visita do presidente francês a Varsóvia, Tusk afirmou que o chefe de Estado “vai querer informar sobre os resultados das negociações de Paris, onde a reunião ocorreu com o presidente [eleito] Trump e o presidente Zelensky”.

Em comunicado posterior, a presidência francesa confirmou que Emmanuel Macron e Donald Tusk vão discutir, em Varsóvia, "a questão do apoio europeu à Ucrânia num novo contexto transatlântico e antes da Presidência polaca do Conselho da União Europeia no primeiro semestre de 2025".

Na mesma sessão parlamentar, Tusk acrescentou que o líder da oposição alemã Friedrich Merz – que lidera as sondagens de opinião antes das eleições em fevereiro – também vai viajar até à Polónia após uma visita a Kiev. “Friedrich Merz manter-me-á informado sobre as suas discussões em Kiev”, disse Tusk, aludindo à recente visita do líder da CDU à Ucrânia.

O primeiro-ministro garantiu estar "em contato constante" com aliados escandinavos e bálticos, "que veem na Polónia e na presidência da Polónia um líder" em iniciativas de construção da paz entre Ucrânia e Rússia.


"Falei com o primeiro-ministro sueco e, numa dúzia de horas, o primeiro-ministro estónio estará aqui em Varsóvia", acrescentou Tusk.

Apesar da ajuda financeira e armamento dos aliados ocidentais, as Forças Armadas ucranianas confrontam-se com falta de soldados, armamento e munições.

Os aliados de Kiev têm também decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.
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