Prémios Sakharov. Assange e povo ucraniano entre os finalistas

por RTP
Kacper Pempel - Reuters

Os eurodeputados escolheram o fundador do WikiLeaks Julian Assange, o povo ucraniano e seus representantes e a Comissão da Verdade Colombiana como finalistas para o Prémio Sakharov de 2022.

Esta quinta-feira, os eurodeputados realizaram uma votação conjunta para escolher os finalistas. E foram selecionados Julian Assange, um dos fundadores da organização WikiLeaks, o "corajoso povo da Ucrânia", representado por Volodymyr Zelensky, líderes eleitos e sociedade civil, e a Comissão da Verdade da Colômbia.

O vencedor será anunciado a 19 de outubro e o prémio vai ser entregue a 14 de dezembro no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, no valor de 50 mil euros, é atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu. Foi criado em 1988 para homenagear indivíduos e organizações que defendem os Direitos Humanos e as liberdades fundamentais. E é uma homenagem ao físico soviético e dissidente político Andrei Sakharov.

Em 2021, o prémio foi concedido ao político da oposição russa e ativista anticorrupção Alexey Navalny.

Quem são os nomeados?

As candidaturas podem ser feitas por grupos políticos de pelo menos 40 eurodeputados. As indicações deste ano foram apresentadas durante uma reunião da comissão de Relações Exteriores e Desenvolvimento e pela subcomissão de Direitos Humanos em Bruxelas, a 26 de setembro.

São elas:
• O "corajoso povo ucraniano" representado pelo presidente Volodymyr Zelensky (nomeado pelo PPE);
• O povo da Ucrânia (nomeado por S&D e Renew Europe);
• Sónia Guajajara (indicada pelos Verdes/EFA);
• Presidente Zelensky (nomeado pela ECR);
• A Comissão da Verdade na Colômbia (nomeada pela Esquerda/GUE-NGL);
• Shireen Abu Akleh (nomeado por Grace O'Sullivan e 42 outros eurodeputados);
• Julian Assange (nomeado por Sabrina Pignedoli e outros 40 eurodeputados).

O "corajoso povo ucraniano" representado pelo presidente Volodymyr Zelensky foi nomeado pelo PPE . "A guerra de agressão não provocada da Rússia contra a Ucrânia, lançada em fevereiro de 2022, está a infligir enormes custos ao povo ucraniano em termos de vidas perdidas e cidades e vilarejos reduzidos a ruínas. O povo ucraniano está a lutar para proteger as suas casas, soberania, independência e integridade territorial, mas todos os dias também luta pela liberdade, democracia, Estado de Direito e valores europeus nos campos de batalha".

S&D e Renew Europe nomearam o povo da Ucrânia, destacando o papel de indivíduos, representantes de iniciativas da sociedade civil e instituições estatais e públicas. "A nomeação menciona, entre outros, os Serviços de Emergência do Estado da Ucrânia, Yulia Pajevska, fundadora da unidade médica de evacuação Anjos de Taira, a ativista de Direitos Humanos Oleksandra Matviychuk, o Movimento de Resistência Civil da Fita Amarela e Ivan Fedorov, ex-autarca da cidade ucraniana de Melitopol.

O ECR nomeou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky como o rosto da coragem do povo ucraniano, destacando sua bravura, resistência e devoção ao seu povo e aos valores europeus.

Sónia Guajajara, indicada por Verdes/EFA
, é uma ativista ambiental e indígena no Brasil. "Como líder de uma aliança de povos indígenas, ela trabalha pela proteção dos direitos dos povos indígenas de controlar as suas terras. O seu ativismo colocou-a em conflito com as autoridades estatais brasileiras e poderosos lobbies agrícolas e de mineração que procuram tomar o controlo de territórios indígenas".

A Comissão da Verdade na Colômbia, nomeada pela Esquerda/GUE-NGL, é uma instituição criada sob um acordo de paz de 2016 para acabar com a guerra civil colombiana em 2016. Tem como objetivo apurar os fatos sobre as violações de direitos humanos durante o conflito e defender os direitos de milhões de suas vítimas. A nomeação presta homenagem às vítimas da guerra civil e é descrita como uma oportunidade para apoiar o processo de paz. Menciona os nomes de Francisco de Roux, Alejandro Valencia Villa, Marta Ruiz Naranjo, Alfredo Molano Bravo (postumamente), Alejandro Castillejo, Saúl Alonso Franco, Lucía Victoria González, Patricia Tobón Yagarí, Alejandra Miller, Leyner Palacios, Ángela Salazar Murillo (postumamente), e Carlos Martin Beristain.

Shireen Abu Akleh , nomeada por Grace O'Sullivan e outros 42 eurodeputados, foi jornalista palestiniana-americana do canal de notícias Al Jazeera durante 25 anos. "Foi uma das repórteres mais proeminentes do mundo de língua árabe, conhecida por suas reportagens sobre o conflito em Israel e nos territórios palestinos ocupados. Foi morta a tiro em 11 de maio de 2022, enquanto cobria um ataque das Forças de Defesa de Israel no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia".

Julian Assange, um dos ativistas por trás da WikiLeaks, foi indicado por Sabrina Pignedoli e outros 40 eurodeputados. "Assange forneceu aos principais jornais do mundo documentos sobre crimes de guerra, detenções arbitrárias, violações de direitos humanos e tortura. Está preso no Reino Unido e atualmente enfrenta extradição para os Estados Unidos para ser julgado por acusações de espionagem e uso indevido de computadores".
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