PR sul-africano pede soluções pacíficas para crise pós-eleitoral

por Lusa

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, pediu soluções pacíficas para a crise pós-eleitoral que se vive em Moçambique desde outubro, que já causou a morte de pelo menos 252 pessoas, disse hoje o seu enviado especial a Maputo.

Sydney Mufamadi, enviado especial de Ramaphosa a Moçambique, disse, após um encontro com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, na Presidência da República, em Maputo, que o chefe de Estado sul-africano apela a que "o povo moçambicano resolva os seus problemas de forma pacífica".

"Os problemas que sejam resolvidos de forma pacífica tal como entendem os moçambicanos", disse, em referência à mensagem de Ramaphosa de que foi portador.

O enviado do chefe de Estado sul-africano manifestou solidariedade ao povo moçambicano, destacando as fortes relações económicas entre Moçambique e a África do Sul, e apontou como as manifestações afetam igualmente aquele país.

"Como diz o Presidente Ramaphosa, não temos qualquer opção senão tornar este fardo muito pesado um pouco mais leve partilhando-o com Moçambique", disse, referindo que as discussões com Filipe Nyusi focaram-se em compreender a natureza das questões e que papel a África do Sul pode desempenhar para que se resolva a crise de Moçambique de forma pacífica.

Por seu turno, Filipe Nyusi considerou que o "gesto solidário" da África do Sul reforça os "laços profundos" entre os dois países, o que reflete o compromisso mútuo com a "paz e o desenvolvimento regional".

"A nossa conversa focou-se na grave situação de violência em Moçambique, destacando o impacto mútuo sobre as economias interligadas dos nossos dois países", disse Nyusi, na sua página na rede social Facebook, após o encontro.

O Presidente de Moçambique acrescentou que o enviado de Ramaphosa destacou ainda a importância de esforços partilhados para "aliviar o fardo" provocado pela instabilidade pós-eleitoral em Moçambique, através da identificação de soluções pacíficas e sustentáveis.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, assim como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane - que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos - nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, metade das quais apenas desde o anúncio dos resultados finais, segundo novo balanço feito na quinta-feira pela plataforma eleitoral Decide.

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