PR moçambicano diz que não vai continuar a "mimar assassinos" no centro do país

por Lusa

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse hoje que o grupo dissidente da Renamo acusado de protagonizar ataques armados no centro de Moçambique não está a colaborar para o diálogo, alertando que o Estado "não vai continuar a mimar assassinos".

"Não vamos continuar a assistir e a mimar assassinos. Nós não gostaríamos de embarcar para a força, mas se for necessário, em defesa do povo deste país, cumpriremos o que a lei manda: defender Moçambique", disse o chefe de Estado moçambicano.

Filipe Nyusi falava durante um encontro com titulares dos órgãos de administração da justiça na Presidência da República, por ocasião do Dia da Legalidade, que se assinala hoje em Moçambique.

Segundo o Presidente, embora o Governo tenha decretado uma trégua unilateral de sete dias, que terminou em 31 de outubro, o grupo dissidente do principal partido de oposição em Moçambique protagonizou ataques entre 26 de outubro e 03 de novembro, mostrando que não tem interesse em dialogar para a paz.

"Como podem ver, há uma ausência total de colaboração para que haja paz em Moçambique, acompanhada de pronunciamentos que podem encorajar estes atos. Trabalharemos com os comandos das Forças de Defesa e Segurança para melhor entender e definir linhas de orientação ", frisou o chefe de Estado.

Em declarações hoje à Lusa, o líder da autoproclamada Junta Militar, Mariano Nhongo, disse que o Governo não foi sincero ao anunciar uma trégua unilateral de sete dias, o que conduziu a nova falha na aproximação com o seu grupo.

"Essa Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder) não está a ser sincera na trégua, não, não", referiu, dizendo que "era só uma estratégia para conseguir capturar o presidente da Junta Militar", defendeu o próprio.

O antigo estratega militar de Afonso Dhlakama, ex-presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), assegurou que manteve na última semana um contacto telefónico longo com o enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas, Mirko Manzoni, a quem denunciou novos incidentes com os membros do seu grupo.

"Perdi confiança em Manzoni", disse Nhongo, pedindo uma mediação equilibrada e não de um diplomata "que se encosta para um lado".

Nhongo insistiu que o Governo e os mediadores devem seguir o roteiro deixado por Afonso Dhlakama e "rasgar" o acordo assinado entre Filipe Nyusi e Ossufo Momade, em agosto de 2019.

O grupo é o principal suspeito dos ataques que já provocaram cerca de 30 mortes no centro do país desde agosto de 2019.

Nhongo e os seus homens opõem-se à atual liderança da Renamo, presidida por Ossufo Momade, e reclamam melhores condições de reintegração que as definidas no Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado em 2019.

Tópicos
PUB