PR desmente presença de tropas do Ruanda em Maputo para travar protestos

por Lusa

O Presidente moçambicano afirmou hoje que as forças armadas de Ruanda não têm tropas em Maputo para controlar as manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, referindo que continuam em Cabo Delgado a combater o terrorismo.

"Dizer que estão aqui tropas de Ruanda na cidade. Para quê isso? Para quê ofender um povo que decidiu vir aqui ajudar as pessoas?", questionou Filipe Nyusi na receção dos membros do Sistema de Administração da Justiça, por ocasião do Dia da Legalidade.

Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, a partir de 31 de outubro, e marchas em Maputo em 07 de novembro.

O candidato presidencial designou esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro, que se segue aos protestos realizados em 21, 24 e 25 de outubro, que provocaram confrontos com a polícia e que resultaram em pelo menos dez mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.

Hoje, o Presidente moçambicano, reagindo aos rumores que circulam em Maputo sobre a mobilização de forças ruandesas e blindados para a capital, face às manifestações que continuam a realizar-se de contestação aos resultados eleitorais, garantiu que permanecem na província de Cabo Delgado, auxiliando no combate ao terrorismo.

"Ainda ontem me foi informado que eles colocaram à disposição mais de nove aldeias para os aldeões puderem voltar, incluindo Mucojo e que as populações têm que ir, mas mesmo assim dissemos que vamos primeiro criar condições", acrescentou o Presidente moçambicano.

A porta-voz do Governo do Ruanda, Yolande Makolo, afirmou em 03 de novembro que as forças armadas ruandesas não têm tropas em Maputo, nas operações que tentam controlar as manifestações pós-eleitorais, contrariando várias mensagens que circulam há vários dias.

"Não há tropas ruandesas em Maputo. As Forças de Segurança do Ruanda estão posicionadas apenas na província de Cabo Delgado, em operações conjuntas com as forças moçambicanas contra combatentes extremistas islâmicos que têm aterrorizado os residentes na província", escreveu Yolande Makolo, na sua conta oficial na rede social X.

Uma força de mais de 2.000 militares do Ruanda, que começou a ser reforçada em abril, combate desde 2021 os grupos terroristas que operam há sete anos na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, protegendo, nomeadamente, a área em que francesa TotalEnergies tem um empreendimento para explorar gás natural, após acordo entre os dois governos.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), na eleição para Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

Além de Mondlane, também o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, e um dos quatro candidatos presidenciais, disse não reconhecer os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.

Também o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram "forjados na secretaria", e prometeu uma "ação política e jurídica" para repor a "vontade popular".

 

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