"Potenciais preocupações". EUA analisam perigos do DeepSeek para a segurança nacional

por Joana Raposo Santos - RTP
No início desta semana, o DeepSeek provocou uma queda nas ações das empresas de tecnologia dos EUA. Foto: Dado Ruvic - Reuters

As autoridades norte-americanas estão a analisar as implicações do novo modelo chinês de Inteligência Artificial (IA), o DeepSeek, para a segurança nacional dos Estados Unidos. A informação foi avançada terça-feira pela Administração Trump, depois de a Marinha dos EUA ter proibido os seus membros de usarem a nova plataforma chinesa devido a "potenciais preocupações éticas e de segurança".

“O Conselho de Segurança Nacional está a analisar as implicações da aplicação”, adiantou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt. “Este é um alerta para a indústria americana de Inteligência Artificial”.

Antes, de acordo com a estação CNBC, a Marinha dos EUA enviou um e-mail aos seus funcionários avisando-os que não deveriam utilizar o DeepSeek devido a “potenciais preocupações éticas e de segurança associadas à origem e utilização do modelo”.

No mesmo dia, o czar da Inteligência Artificial e criptografia da Casa Branca, David Sacks, foi questionado pela Fox News sobre se havia roubo de propriedade intelectual envolvido na ascensão do DeepSeek.

“Bom, é possível. Existe uma técnica em IA chamada destilação, da qual vamos ouvir falar muito, que é quando um modelo aprende com outro modelo”, explicou.

“Penso que uma das coisas que veremos nos próximos meses é que as nossas principais empresas de IA estão a tomar medidas para tentar evitar a destilação. Isso iria definitivamente abrandar alguns destes modelos imitadores”.

A OpenAI, fabricante do ChatGPT, veio entretanto reforçar essa posição, dizendo que as empresas chinesas, entre outras, estão “constantemente a tentar destilar os modelos das principais empresas de IA dos EUA”.

"Como líderes na construção de IA, adotamos contramedidas para proteger a nossa [propriedade intelectual] e acreditamos que, à medida que avançamos, é extremamente importante trabalharmos em estreita colaboração com o Governo dos EUA para melhor proteger os modelos mais capazes”, frisou a empresa.
Ataques informáticos no DeepSeek
No início desta semana, o modelo de IA do DeepSeek, alegadamente mais barato e tão ou mais poderoso do que a concorrência, provocou uma queda nas ações das empresas de tecnologia dos EUA, com os investidores a questionaram os milhares de milhões de dólares que estão a gastar em novas infraestruturas de IA norte-americanas.

Os especialistas acreditam, no entanto, que os Estados Unidos ainda possuem uma vantagem em relação à tecnologia chinesa por ser lá que estão sediadas algumas das maiores empresas de chips. Até ao momento, não se sabe exatamente como é que a DeepSeek construiu o seu modelo e até onde este pode ir.

Entretanto, a DeepSeek afirmou ter sido alvo de ataques informáticos. Na segunda-feira, a empresa adiantou que iria limitar temporariamente os registos devido a “ataques maliciosos em grande escala” ao seu software.
O canal chinês Yuyuan Tantian também adiantou que a empresa enfrentou "vários" ataques informáticos nas últimas semanas, que aumentaram de "intensidade".
Quando a DeepSeek agitou os mercados esta semana, o presidente Donald Trump descreveu-a como "uma chamada de atenção" para a indústria tecnológica dos EUA, sugerindo ao mesmo tempo que poderia acabar por ser um sinal "positivo".

"Se for possível fazê-lo mais barato, se for possível fazê-lo por menos e chegar ao mesmo resultado final. Penso que isso é uma coisa boa para nós", declarou.

c/ agências
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