O presidente norte-americano, Joe Biden, indultou esta segunda-feira o filho Hunter Biden em três condenações relacionadas com posse de armas e ocultação de consumo de drogas às autoridades, argumentando que tiveram motivações políticas.
"Nenhuma pessoa razoável que olhe para os factos nos casos de Hunter pode tirar outra conclusão além de que foi visado por ser meu filho", defendeu Joe Biden, acusando os "opositores políticos no Congresso" de "instigarem as acusações".
Hunter Biden, agora com 54 anos, estava acusado de mentir sobre o consumo de drogas quando comprou um revólver Colt Cobra em outubro de 2018, período em que reconheceu estar a lutar contra o vício em crack.
Segundo a lei norte-americana, um indivíduo que adquira uma arma de fogo não pode consumir estes narcóticos.
O filho de Joe Biden estava também sob investigação pelos seus negócios e pelo não pagamento de impostos atempadamente, declarando-se culpado em nove acusações fiscais federais em setembro deste ano.
"Um pai e um presidente"
Hunter Biden deveria receber a sentença pela sua condenação por acusações federais de posse de armas a 12 de dezembro. A sentença relativa ao processo fiscal estava prevista para quatro dias depois.As acusações fiscais poderiam valer ao filho do presidente uma pena de prisão de até 17 anos, enquanto as acusações de posse de arma são puníveis com penas até 25 anos.
“Tem havido um esforço para quebrar o Hunter – que está sóbrio há cinco anos e meio, mesmo perante implacáveis ataques e um julgamento seletivo”, escreveu Joe Biden no comunicado. “Ao tentarem quebrá-lo, quebraram-me a mim, e não há razão para acreditar que irão parar por aqui. Basta”.
BREAKING: President Biden pardons his son Hunter pic.twitter.com/T1JT3BUIav
— Matt Viser (@mviser) December 2, 2024
O presidente disse ainda acreditar no sistema judicial, mas considera que a política “infetou este processo e levou ao descarrilamento da justiça”.
“Espero que os americanos entendam por que razão um pai e um presidente chega a esta decisão”, acrescentou.
Trump condena "abuso de justiça"
Numa primeira reação, Hunter Biden prometeu não "tomar como certa a clemência" que lhe foi concedida e “dedicar a vida que reconstruiu a ajudar aqueles que continuam doentes e em sofrimento”.“Admiti e tomei a responsabilidade pelos meus erros durante os dias mais negros da minha adição – erros que foram explorados para humilhar publicamente a minha família e envergonhar-me a mim e a eles por motivações políticas”, escreveu em comunicado.
O perdão presidencial abrange todas as "infrações contra os Estados Unidos que tenha cometido, possa ter cometido ou em que tenha participado durante o período compreendido entre 1 de janeiro de 2014 e 1 de dezembro de 2024, incluindo, mas não se limitando a, todas as infrações acusadas ou processadas".
Em outubro, o agora presidente-eleito Donald Trump disse que não ficaria surpreendido se Hunter Biden recebesse um perdão presidencial, considerando-o um “mau rapaz”.
Esta segunda-feira, Trump reagiu à notícia, apelidando-a de “abuso de justiça”. No entanto, o republicano usou o perdão presidencial enquanto foi presidente, nomeadamente para absolver Charles Kushner, pai do seu genro Jared Kushner.
c/ agências