Portugueses fazem a diferença no pior desafio dos capacetes azuis
O "profissionalismo intocável" e a "extrema perícia" das forças especiais portuguesas destacadas para a República Centro-Africana estão a fazer a diferença entre o caos e a esperança num dos palcos mais duros enfrentados actualmente por missões de paz das Nações Unidas à escala mundial. Destaque de uma entrevista exclusiva do chefe de Missão da ONU naquele país, Parfait Onanga-Anyanga, ao programa Olhar o Mundo, a emitir sábado na RTP 3.
Palavras do representante especial do Secretário-Feral das Nações Unidas para a RCA ao jornalista António Mateus, em entrevista exclusiva à RTP, à margem da 1ª Conferência Internacional "Resolução de Conflitos e Estudos da Paz", onde foi orador convidado.
Dias após forças rebeldes terem provocado novo massacre de pelo menos 60 civis em Alindao, no interior do país, Amyanga assumiu a gravidade do ressurgimento de "uma violência extrema" e "desproporcional" naquele país, onde os capacetes azuis também são alvo de ataques diretos.
"Essencialmente estes grupos armados fazem uma guerra sem quartel pelo controlo de locais onde proliferam os recursos naturais", explicou. "É portanto uma competição pelo controlo e exploração ilícita dos recursos naturais que alimenta esta violência absolutamente terrível".
Um palco onde, reafirma, a unidade de resposta rápida portuguesa (QRF), formada rotativamente por comandos e páraquedistas, faz a diferença entre o desespero e a esperança. "Os grupos armados sabem muito bem que quando a QRF é enviada para o terreno não estará com rodeios, irá directamente ao objetivo e repor a ordem", sublinhou. "É este profissionalismo intocável e esta perícia que fazem a diferença. Neste caso o uso da força é indispensável e usada por uma boa causa".
Os capacetes azuis destacados para a RCA já sofreram 75 mortes desde a criação da MINUSCA em 2014.
O conflito neste país, que tem uma área semelhante à de França e uma população de menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e deixou 2,5 milhões de civis dependentes de ajuda humanitária.
O Governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.