Português em novo estudo que faz avançar compreensão da doença de Parkinson
Uma equipa internacional de investigadores de que faz parte o neurocientista português Tiago Fleming Outeiro descobriu que a produção localizada de uma proteína leva a uma diminuição dos neurónios mais afectados na doença de Parkinson.
O estudo, que será publicado no próximo número da revista norte-america na Journal of Neurochemistry e está já disponível na edição online, representa u ma nova contribuição para o desenvolvimento de novas estratégias para combater e sta doença neurodegenerativa.
Tiago Outeiro disse à Agência Lusa que a equipa de investigação, dirigi da por Pamela McLean, usou técnicas de transferência genética num novo modelo an imal, o ratinho, para promover a produção da proteína alfa-sinucleína na região do cérebro afectada na doença de Parkinson, chamada "substância negra".
"Verificámos no estudo que a produção localizada da alfa-sinucleína lev a a uma diminuição significativa (25%) do número de neurónios que produzem dopam ina ao fim de 24 semanas, que são os mais afectados na doença de Parkinson", ref eriu o cientista.
O resultado obtido, acrescentou, "confirma uma relação causa-efeito ent re a produção de níveis mais elevados da proteína e os problemas naqueles neurón ios".
A proteína alfa-sinucleína está presente na maioria das células do cére bro e o seu funcionamento normal não é inteiramente conhecido, pensando-se que p ossa ter uma função protectora contra certos tipos de stress.
Já foram realizados estudos semelhantes noutros tipos de animais, mas d ada a complexidade dos processos patológicos verificados neste tipo de doenças n eurodegenerativas, "há ainda muito para aprender", sublinhou o investigador port uguês. Estes estudos permitem que se investigue, de uma forma mais aprofundada , os factores envolvidos no desenvolvimento e progressão da doença, de modo a de senvolver novas formas de combater a doença.
Por ter envolvido o estudo de vários grupos de animais, o que requer ba stante tempo, esta investigou prolongou-se por três anos.
O tratamento e a prevenção da doença de Parkinson são prioritários na m aioria dos países desenvolvidos, onde se estima que afecte cerca de 3% da popula ção com mais de 65 anos. Tiago F. Outeiro, doutorado pelo MIT, está a fazer um pós-doutoramento no Massgeneral Institute for Neurodegenerative Disease da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, onde se dedica ao estudo dos mecanismos moleculares envolvidos em doenças como Parkinson e Alzheimer.
No mesmo instituto trabalha a autora responsável por este estudo, Pamel a McLean, uma neurocientista de origem escocesa que se doutorou na Universidade de Boston (Massachusetts, Estados Unidos).